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sexta-feira, 15 de julho de 2016

IT IS NOT A NICE DAY

Como seria bom que hoje continuássemos a falar do cabeleireiro de Hollande, da azia francesa pela derrota no europeu de futebol, do excesso de cobertura mediática do Euro 2016, pela imprensa portuguesa, das medalhas do atletismo português, das sanções prometidas por Schäuble por termos uma geringonça de esquerda no governo… mas o assunto do dia é mais um atentado terrorista em França.
A comemoração do dia Nacional de França, em Nice, acabou em tragédia, quando um camião se lançou deliberadamente sobre a multidão, causando dezenas de mortos.
Os franceses começam a perceber o drama que os israelitas vivem há décadas. Parece-lhe sum pesadelo sem fim à vista, pois o terrorismo abdica de qualquer justificação.

Hollande pode reunir os gabinetes de crise que quiser, porque o problema subsistirá. Claro que terá a solidariedade de todos os líderes mundiais, claro que haverá pesarosas declarações de condolências e veemente repúdio destes bárbaros atos de terror, mas creio que será muito difícil encontrar uma política de segurança comum que proteja mais eficazmente os cidadãos europeus. Até porque os terroristas têm alvos bem definidos e a França é o mais fácil de atingir.

Provavelmente Hollande cederá à linha dura e pedirá um controlo mais apertado das fronteiras europeias e deixará passar medidas contra os migrantes. A opinião pública europeia será facilmente convencida que o DAESH chega à europa, com mais facilidade, devido às imensas vagas de migrantes que fogem à guerra e portanto crescerá o ódio e a xenofobia um pouco por todo o lado. Os apoiantes do Brexit, do primeiro-ministro húngaro, da senhora Le Pen encontrarão facilmente novos apoiantes entre o medo que veio para ficar.

Hollande está acossado por todo o lado. Como não é um grande líder, acabará por negar aquilo em que acredita e executará uma política de segurança e emigração dúbias, onde não terá grandes ganhos. Além do mais não contará com a solidariedade da Inglaterra.
Hollande precisa de ideias claras, firmeza e convicção no caminho a percorrer, e sentido de liderança. Ou lidera a resposta ao terrorismo na europa assim como ao problema dos migrantes ou sucumbirá politicamente em poucos meses.
Talvez haja menos gente a apostar no sucesso de François Hollande do que houve na vitória de Portugal no Euro 2016, mas se Eder foi capaz de fazer de herói improvável por que não será Hollande um herói acidental de uma europa em desagregação?

Gabriel Vilas Boas

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