Como seria bom que hoje continuássemos a falar do
cabeleireiro de Hollande, da azia francesa pela derrota no europeu de futebol,
do excesso de cobertura mediática do Euro 2016, pela imprensa portuguesa, das
medalhas do atletismo português, das sanções prometidas por Schäuble por termos
uma geringonça de esquerda no governo… mas o assunto do dia é mais um atentado
terrorista em França.
A comemoração do dia Nacional de França, em Nice, acabou em
tragédia, quando um camião se lançou deliberadamente sobre a multidão, causando
dezenas de mortos.
Os franceses começam a perceber o drama que os israelitas
vivem há décadas. Parece-lhe sum pesadelo sem fim à vista, pois o terrorismo abdica
de qualquer justificação.
Hollande pode reunir os gabinetes de crise que quiser,
porque o problema subsistirá. Claro que terá a solidariedade de todos os
líderes mundiais, claro que haverá pesarosas declarações de condolências e
veemente repúdio destes bárbaros atos de terror, mas creio que será muito difícil
encontrar uma política de segurança comum que proteja mais eficazmente os cidadãos
europeus. Até porque os terroristas têm alvos bem definidos e a França é o mais
fácil de atingir.
Provavelmente Hollande cederá à linha dura e pedirá um
controlo mais apertado das fronteiras europeias e deixará passar medidas contra
os migrantes. A opinião pública europeia será facilmente convencida que o DAESH
chega à europa, com mais facilidade, devido às imensas vagas de migrantes que
fogem à guerra e portanto crescerá o ódio e a xenofobia um pouco por todo o
lado. Os apoiantes do Brexit, do primeiro-ministro húngaro, da senhora Le Pen encontrarão facilmente novos apoiantes entre o medo que veio para
ficar.
Hollande está acossado por todo o lado. Como não é um
grande líder, acabará por negar aquilo em que acredita e executará uma política
de segurança e emigração dúbias, onde não terá grandes ganhos. Além do mais
não contará com a solidariedade da Inglaterra.
Hollande precisa de ideias claras, firmeza e convicção no
caminho a percorrer, e sentido de liderança. Ou lidera a resposta ao terrorismo
na europa assim como ao problema dos migrantes ou sucumbirá politicamente em
poucos meses.
Talvez haja menos gente a apostar no sucesso de François
Hollande do que houve na vitória de Portugal no Euro 2016, mas se Eder foi
capaz de fazer de herói improvável por que não será Hollande um herói acidental
de uma europa em desagregação?
Gabriel Vilas Boas
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