Foram cerca de vinte mil, em 2015, ou seja cerca de 30% dos
alunos que se apresentam a exame para concluir o ensino secundário. A maioria
destes alunos pertence ao ensino profissional.
Por que não querem estes vinte mil alunos continuar a
estudar? Por agora o Ministério da Educação apenas constata um dado
estatístico, mas não mandou fazer qualquer estudo que explique este fenómeno de
cerca de 30% dos alunos portugueses não quererem aceder ao ensino superior.
Na minha opinião há um misto de razões a considerar: falta
de recursos económicos por parte de algumas famílias; a pouca atratividade/empregabilidade
que muitos cursos superiores oferecem; a pouca relevância que estes alunos
atribuem à sua formação académica; a escolha pela entrada imediata no mercado
do trabalho, entre outras razões.
Estes alunos pertencem às primeiras “fornadas” que
percorreram doze anos de ensino obrigatório. Quantos destes vinte mil não teria
abandonado a escola antes de completar o ensino secundário se este não fosse
obrigatório?
Grande parte desta “desistência” de estudar vem do ensino profissional. Isto não impõe uma profunda reflexão sobre o modo como é ministrado o ensino profissional em Portugal? Parece que este é tão frustrante que os alunos não veem necessidade de prosseguir a sua formação. Claro que alguns podem argumentar que ele é tão bom que os alunos já se sentem capazes de entrar em força no mercado de trabalho. No entanto, se isto fosse verdade, o tecido empresarial andaria a tecer loas ao ensino profissional e alguns dos melhores alunos do ensino básico optariam pelo ensino profissional, mas todos as pessoas que trabalham em educação sabem que não é isto que acontece.
A questão da falta de recursos materiais para prosseguir
estudos também não deve ser negligenciada. Era importante apurar quantos
milhares desistem da universidade porque os seus pais não têm meios financeiros
para lhes pagar propinas, alojamento, alimentação e livros, durante quatro/seis
anos. A ação social escolar, a nível universitário, é claramente insuficiente.
Subsiste ainda o outro problema, quanto a mim o maior: a
atratividade/empregabilidade da maioria dos cursos. Tirando Medicina e Enfermagem (em que o maior empregador é o Estado – curioso…) a grande maioria
dos cursos superiores não é uma garantia de emprego quanto mais de uma remuneração
justa face à competência profissional demonstrada.
Neste caso, como noutros, há mais perguntas que respostas,
mas um dado é certo: vinte mil jovens concluíram o ensino secundário (e a
escolaridade obrigatório) e desistiu de estudar. Que rentabilidade terá o
investimento feito na sua educação? Que dirão acerca da importância da escola
nas suas vidas estes vinte mil jovens?
Gabriel Vilas Boas
Gabriel Vilas Boas
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