A Universidade de Coimbra faz anos!
Setecentos e vinte e oito! Para mim, que fui seu aluno durante cinco anos,
continua a ser a melhor Universidade de Portugal, embora os rankings
internacionais não dêem cobertura à minha escolha afetiva.
A
Universidade de Coimbra tem a história, o estatuto, os meios humanos e físicos para
se tornar numa Universidade de referência no contexto europeu. No entanto, a
única distinção que a Universidade coimbrã conseguiu deve-la ao… património,
quando a Unesco, há três anos classificou a Universidade como Património da
Humanidade. Foi bonito, importante e prestigiante, mas também um sinal de alerta.
Coimbra não pode ficar agarrada à sua história, ao eu estatuto e julgar ter um
lugar de destaque no panorama universitário europeu que já não tem.
O grande boom do ensino superior em
Portugal, ocorrido nos últimos vinte e cinco anos, descentralizou o poder
universitário e, hoje, os melhores cursos de Engenharia, Medicina, Arquitetura,
Economia já não moram em Coimbra. Salva-se, talvez, o curso de Direito, onde a
enorme tradição conimbricense ainda dita leis e influencia pareceres.
A Universidade de Coimbra passa por um
processo de transformação difícil e delicado, onde é preciso garantir um mínimo
de financiamento e ao mesmo tempo atrair os melhores alunos, cada vez maias
solicitados.
Nos últimos anos, a Universidade de
Coimbra tem feito uma aposta forte na internacionalização e hoje mais de 20%
dos seus alunos são estrangeiros, com particular destaque para a enorme
comunidade de brasileiros. Noutra vertente, a Reitoria tem dedicado especial
atenção à sua imagem, abrindo as portas aos milhares de turistas que todos os
dias querem ver a Biblioteca Joanina, a Sala dos Capelos, a Torre da
Universidade, a mítica faculdade de Direito ou a Biblioteca Geral.
O sítio onde a universidade está implementada
– a alta da cidade – é magnífico e proporciona a quem nela estuda um prazer
extra. Observar o Mondego de alguns varandins excelsos da universidade de
Coimbra é um prazer indizível que de vez em quando tenho de reviver. É certo
que não reencontro os amigos que escreveram eternos sentimentos na minha alma, mas
calcorreio os locais que a memória sabe de cor e deixo-me invadir por aquela
saborosa nostalgia que até dói de tanta felicidade que concentra.
Quando daqui a um quarto de século, a
«minha» Universidade fizer 750 anos, espero que esteja mais pujante e orgulhosa
do seu passado glorioso do que nunca e, sobretudo, que o presente seja de um
fervilhar constante de ciência, inovação e criatividade, onde qualquer cidadão
europeu se sinta em casa como eu me sinto em cada regresso.
Gabriel Vilas Boas
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