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terça-feira, 1 de março de 2016

UNIVERSIDADE DE COIMBRA


A Universidade de Coimbra faz anos! Setecentos e vinte e oito! Para mim, que fui seu aluno durante cinco anos, continua a ser a melhor Universidade de Portugal, embora os rankings internacionais não dêem cobertura à minha escolha afetiva.
 A Universidade de Coimbra tem a história, o estatuto, os meios humanos e físicos para se tornar numa Universidade de referência no contexto europeu. No entanto, a única distinção que a Universidade coimbrã conseguiu deve-la ao… património, quando a Unesco, há três anos classificou a Universidade como Património da Humanidade. Foi bonito, importante e prestigiante, mas também um sinal de alerta. Coimbra não pode ficar agarrada à sua história, ao eu estatuto e julgar ter um lugar de destaque no panorama universitário europeu que já não tem.

O grande boom do ensino superior em Portugal, ocorrido nos últimos vinte e cinco anos, descentralizou o poder universitário e, hoje, os melhores cursos de Engenharia, Medicina, Arquitetura, Economia já não moram em Coimbra. Salva-se, talvez, o curso de Direito, onde a enorme tradição conimbricense ainda dita leis e influencia pareceres.
A Universidade de Coimbra passa por um processo de transformação difícil e delicado, onde é preciso garantir um mínimo de financiamento e ao mesmo tempo atrair os melhores alunos, cada vez maias solicitados.

Nos últimos anos, a Universidade de Coimbra tem feito uma aposta forte na internacionalização e hoje mais de 20% dos seus alunos são estrangeiros, com particular destaque para a enorme comunidade de brasileiros. Noutra vertente, a Reitoria tem dedicado especial atenção à sua imagem, abrindo as portas aos milhares de turistas que todos os dias querem ver a Biblioteca Joanina, a Sala dos Capelos, a Torre da Universidade, a mítica faculdade de Direito ou a Biblioteca Geral.

O sítio onde a universidade está implementada – a alta da cidade – é magnífico e proporciona a quem nela estuda um prazer extra. Observar o Mondego de alguns varandins excelsos da universidade de Coimbra é um prazer indizível que de vez em quando tenho de reviver. É certo que não reencontro os amigos que escreveram eternos sentimentos na minha alma, mas calcorreio os locais que a memória sabe de cor e deixo-me invadir por aquela saborosa nostalgia que até dói de tanta felicidade que concentra.
Quando daqui a um quarto de século, a «minha» Universidade fizer 750 anos, espero que esteja mais pujante e orgulhosa do seu passado glorioso do que nunca e, sobretudo, que o presente seja de um fervilhar constante de ciência, inovação e criatividade, onde qualquer cidadão europeu se sinta em casa como eu me sinto em cada regresso.

Gabriel Vilas Boas

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