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segunda-feira, 7 de março de 2016

É ISSO AÍ, Seu Jorge e Ana Carolina



Na semana passada Seu Jorge esteve em Guimarães, encantando a sua imensa legião de fãs. Trouxe a guitarra, a sua potente, melodiosa e aconchegante voz, as suas músicas malandras, mas não trouxe (infelizmente) Ana Carolina para cantar a mais bonita das suas músicas: 
                                                              É ISSO AÍ.
Esta música ganha uma dimensão emocional e estética enorme quando interpretada em dueto. As duas vozes leem plenamente a emoção feminina e masculina que perpassa pela letra. A dupla brasileira supera o original do irlandês Damien Rice ao transformar É ISSO AÍ na assunção de um amor (im)perfeito, dolorido, incontornável e inevitável.

Há tristeza, há mágoa, algum desencanto, mas também um enorme Amor, na voz cansada, revoltada de Ana Carolina. A maneira como a cantora brasileira e Seu Jorge cruzam o timbre das suas vozes, interpretando a letra, torna esta música maravilhosa. Facilmente ela chega ao fundo da alma de quem a ouve e interpela-a, obrigando-a a pensar na sua vida, nas suas emoções e sentimentos, na «sua» história.

Ana Carolina encanta de uma maneira profunda, porque a sua voz não nasce nas cordas vocais mas no profundo coração. É de lá que vem aquele grito tão significativo quanto necessário. É um grito de desespero de alguém que pede atenção, que quer ser feliz.
O diálogo dos amantes, interpretado por Seu Jorge e Ana Carolina, termina com a mais profunda das evidências: eles não conseguem parar de se olhar, eles não conseguem parar de se amar, eles não conseguem…
Ambos os cantores mergulham profundamente nesta música suave, que se apoia nas guitarras e no violoncelo. À voz elegante e aveludada de Ana Carolina contrapõe Seu Jorge um tom quebrado e rouco como o de uma tempestade imperial, arrepiando qualquer um.
Talvez o amor balance entre uma coisa simples e quotidiana e um milagre no meio de tempestades de mentiras, traições e desencantos (“É isso aí! Há quem acredite em milagres / Há quem cometa maldades / Há quem não saiba dizer a verdade”). Talvez apeteça “ensinar aos filhos a escolher seus amores” para que as dores não sejam hereditárias. Talvez o Amor não consiga parar de olhar a sua parceira de sempre: a Dor.

Gabriel Vilas Boas 
  

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