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domingo, 6 de março de 2016

QUANDO OS DITADORES MORREM: DE ESTALINE A HUGO CHÁVEZ


Quando Hugo Chávez nasceu já Estaline tinha morrido, mas a verdade é que os dois ditadores morreram no mesmo dia do ano – 5 de março. Foram, obviamente, ditadores muito diferentes, por causa das suas personalidades, do tempo em que viveram e do país onde exerceram o poder. Todavia, dominaram e exerceram um poder absoluto tempo demais, armadilhando o sistema político de tal maneira que só a morte os derrotou.
Se o comunismo se tornou monstruoso para os ocidentais, muito se deve à ação política de Estaline. O Estado era o Partido e o PCUS estava na sua mão de ferro. Durante trinta anos dominou a União Soviética e a Europa de leste no pós segunda guerra mundial, coartando-lhe as liberdades mais básicas. Todavia, o seu pior foi com os seus: mandou prender, deportar e executar os opositores em massa, destruiu as liberdades individuais e criou uma monstruosa polícia política. Ao mesmo tempo cultivou o culto da sua personalidade como arma ideológica. A sua política baseou-se no terror. Estaline foi o protótipo do grande ditador do século XX.

Tal como o comunismo cavalgou o descontentamento do povo russo com o seu Czar, Hugo Chávez aproveitou o desespero de um povo muito pobre para se eleger. Para se perpetuar no poder foi usando todas as artimanhas que a lei, que ele fez aprovar, lhe permitiu. E conseguiu até que… a doença o derrotou.
Normalmente um ditador nasce do desespero de um povo que a ele se entrega de forma absoluta. Rapidamente o carismático líder ganha a paixão dos seus que se tornam fiéis como cães. O pior vem quando o poder já não serve mas se serve. Começa a corrupção, o autoritarismo e as liberdades são cortadas às primeiras contestações. Nenhum povo desiludido, prisioneiro em sua própria casa, é feliz nem cria riqueza. Em pouco tempo, a população volta ao estádio de desespero em que se encontrava na altura em que clamou pelo seu pseudo libertador, mas então a situação está pior: não tem forma de o mandar embora.


É o tempo ou as circunstâncias que o derrubam. No entanto, mesmo depois de morto ou deposto, ele continua, porque a máquina perversa que criou, qual monstro de sete cabeças, deixou uma estrutura e uma mentalidade difíceis de erradicar. Foi assim na União Soviética, foi assim no Iraque, ainda é assim em muito países de África.
Uma ditadura pode sobreviver a um ditador. Se um povo não souber pacientemente criar um tempo de transição, o temor espalha-se pelo corpo de uma nação e ninguém pode assegurar quanto tempo demorará até dele sair. A Rússia, por exemplo, ainda não se livrou dele.

Gabriel Vilas Boas 

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