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quarta-feira, 2 de março de 2016

MACBETH, de Shakespeare


Escrita entre 1605 e 1606, esta tragédia, esta tragédia só foi publicada muitos anos mais tarde, por volta de 1623. Para escrevê-la, Shakespeare inspirou-se na “Crónica da História da Escócia” de Raphael Holinsted, na qual a figura principal, Lady Macbeth, embora mencionada só tem uma fala.
Enquanto Shakespeare escrevia Macbeth, Londres estava cheia de escoceses que tinham vindo para assistir à festa da coroação de Jaime I, e isso permitiu ao poeta ouvir, dos mais cultos forasteiros, pormenores interessantes da história da Escócia.
Os temas da tragédia são a ambição do poder e a culpa.

A tragédia conta a história de Macbeth, general escocês, que volta de uma batalha onde lutou valorosamente em defesa do seu rei (o seu primo Duncan) e consegue uma importante vitória. De regresso ao seu país, Macbeth tem um premonitório encontro com três feiticeiras que que lhe predizem que será rei. Para facilitar o cumprimento da profecia e instigado pela sua mulher, Macbeth aproveita-se de o rei Duncan ser seu hóspede e apunhala-o, durante a noite, culpando do assassínio os guardas aos quais também mata, fingindo uma grande indignação.
Assustados, os filhos de Duncan fogem para Inglaterra, o que torna ainda mais fácil a realização das ambições de Macbeth.
Já rei da Escócia, Macbeth tudo faz para assegurar a posse do trono e procura exterminar Banko, pois as feiticeiras haviam profetizado a Banko que ele seria a origem de uma dinastia de reis.

Sicários a soldo de Macbeth matam de facto Banko, mas o filho deste consegue escapar da morte. Na mesma noite em que é cometido o crime, Macbeth oferece um banquete, durante o qual o lugar do rei é ocupado pela sombra de Banko. Apavorado, o criminoso – que é o único a ver a sombra – pronuncia palavras que quase denunciam os seus crimes. Então, a sua mulher, mais serena, dá por terminado banquete e faz com que os convidados saiam.
As feiticeiras previnem Macbeth contra Macduff, e o usurpador decide exterminar também este e a sua família. Nessa ocasião, Macduff escapa com vida, mas morrem a sua mulher e os seus filhos. Macduff, que se refugiara a tempo em Inglaterra, consegue convencer Malcom, filho do assassinado rei Duncan, a atacar o traidor Macbeth e a derrubá-lo do trono.
As tropas de Malcom combatem as do usurpador e este perece às mãos de Macduff, que lhe corta a cabeça. O filho de Duncan é então proclamado rei da Escócia.
Lady Macbeth, atormentada pelos remorsos, endoidece e suicida-se, poucos dias antes da morte do marido.

Representei, no papel de Macbeth, e encenei partes desta peça com um conjunto de jovens alunos. Em ambas as situações constatei a complexidade e profundidade da obra de Shakespeare. É verdadeiramente desafiante todo o papel do protagonista, cuja alma é escrutinada em várias dimensões. A nobreza da luta, a ambição do poder absoluto, a crueldade com que mata o primo, os remorsos incomportáveis que o abalam, a culpa que o consome. O sucesso de qualquer representação está, em absoluto, na maneira como o ator agarra toda a complexa personagem de Macbeth. Através dele, Shakespeare representou as enomes contradições do ser humano e a maneira, ironicamente amarga, como a vida estabelece-se uma espécie de justiça poética sobre as ações do Homem. 

GAVB

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