O Haram al-Sharif, ou Esplanada das
Mesquitas, é o santuário muçulmano que faz de Jerusalém a terceira cidade santa
do islão, depois de Meca e Medina. No entanto, este santuário foi construído
sobre as ruínas do templo judaico que albergava as Tábuas da Lei. Do muro
ocidental do templo restam apenas vestígios, e o Muro das Lamentações é um
deles.
Este local sagrado, tanto para os Judeus
como para os Muçulmanos, ilustra as dificuldades de resolução do conflito
israelo-palestiniano. Em julho de 2000, as negociações de Campo David II com
vista a um acordo de paz, sob tutela dos Estados Unidos, esbarraram logo na questão
do estatuto de Jerusalém em geral, e de Haram al-Sharif em particular.
O presidente americano, Bill Clinton,
propunha que se desse aos Palestinianos a soberania sobre os bairros cristão e
muçulmano, incluindo a esplanada, e que Israel mantivesse a soberania do solo.
A delegação palestiniana considerou que esta soberania era perfeitamente
ilegítima.
Nos últimos dezasseis anos aprofundaram-se
os ódios e a paz voou para bem longe de Jerusalém e do espírito de “responsáveis”
dos dois lados.
Tenho muita dificuldade em entender o
ódio, o sentido de posse material, a guerra e a o desejo de destruição quando
falamos em religião. Qualquer que ela seja! Claro que há o passado, que há a
mágoa, a dor e muitas mortes a atrapalhar um futuro que se pretende pacífico,
mas o Homem, o Homem crente não pode fugir das balizas que o norteiam: Amor,
Paz, Respeito, Compreensão, Perdão, Partilha. Para que serve uma religião se
estes valores não triunfam nas nossas ações quotidianas? Que legado deixamos às
próximas gerações de crentes?
Não somos responsáveis pelo passado nem
temos de assumir ódios que não brotaram das nossas vontades ou ações, mas somos
completamente responsáveis pelo presente de incompreensão que vivemos e pelo
futuro de desentendimento que ajudamos a solidificar.
Afinal de contas, qual é o nosso
verdadeiro Deus: a Paz e o Amor ou a guerra e o ódio?
Gabriel Vilas Boas
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