O final do ano de 2015 trouxe um novo álbum de Mariza, após cinco anos de paragem, e a expetativa era enorme entre todos aqueles que apreciam a cantora assim como no mundo do fado nacional.
O álbum “Mundo”, produzido por Javier Limón, cumpre mas não deslumbra. A canção mais emblemática do novo trabalho de Mariza – O Melhor de Mim – concentra toda a sua força na letra e na voz de Mariza.
No refrão, Mariza proclama que o seu melhor "ainda está para vir" e talvez seja verdade.
Mariza não sabe cantar mal e a interpretação desta música traz aquela voz triste e doce que identifica a alma lusitana que canta o fado. A letra acompanha essa ideia quando anuncia que “É preciso perder / para depois se ganhar / E mesmo sem ver / Acreditar”, como se a dor, a provação fizessem obrigatoriamente parte da felicidade ou toda a alegria tivesse que ter sempre o seu quinhão de tristeza. Não tem que ser obrigatoriamente assim! Qualquer dia destes, alguém conseguirá quebrar este fado mental que nos apouca…
Mariza não sabe cantar mal e a interpretação desta música traz aquela voz triste e doce que identifica a alma lusitana que canta o fado. A letra acompanha essa ideia quando anuncia que “É preciso perder / para depois se ganhar / E mesmo sem ver / Acreditar”, como se a dor, a provação fizessem obrigatoriamente parte da felicidade ou toda a alegria tivesse que ter sempre o seu quinhão de tristeza. Não tem que ser obrigatoriamente assim! Qualquer dia destes, alguém conseguirá quebrar este fado mental que nos apouca…
Ainda que se proclame uma fé inabalável em melhores dias ("O Melhor de mim ainda está para chegar” / “Acreditar”), esse otimismo parece ser pouco sustentado em qualquer atitude proactiva ou ação do ser humana. Talvez não fosse má ideia que as canções dos nossos melhores artistas procurassem desafiar esta lógica de tristeza congénita que espera sentada na margem a chegada de novos e melhores dias e decreta que pouco mais se pode fazer do que esperar.
A potente e límpida voz de Mariza não nasceu apenas para o fado. O melhor registo de Mariza está no álbum “Terra”, onde a cantora se aproxima mais de um registo de World music e presenteia o público com músicas belíssimas onde as raízes africanas de “Beijo de Saudade” se cruza com a alma fadista lisboeta de “Alfama” e “Minha Alma”, ao mesmo tempo que revela uma Mariza confiante no seu peculiar registo como acontece em “Se eu mandasse nas palavras”.
Vale a pena ouvirmos “O Melhor de Mim”. Não é o melhor de Mariza, mas é uma bela canção. Lá encontramos parte da nossa alma e da nossa tristeza sem razão que parece que nos impulsiona mas na verdade apenas justifica antecipadamente o nosso fracasso presente.
Gabriel Vilas Boas
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