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sexta-feira, 4 de março de 2016

VIOLÊNCIA FAMILIAR


A violência familiar é um tema chocante e doloroso para qualquer sociedade. Infelizmente, os portugueses têm sido insistentemente sacudidos por notícias dilacerantes sobre mulheres mortas por maridos ou companheiros, crianças alvo de abandono, maus tratos e, agora, mortas, presumivelmente, por gente que devia cuidar delas.
Desgraçadamente, a expressão “violência doméstica” tornou-se um eufemismo, porque aquilo com que nos deparamos frequentemente são homicídios.

A violência em meio familiar têm crescido assustadoramente, especialmente no que ao grau de monstruosidade diz respeito, deixando a população perplexa e assustada, até porque verifica que os motivos dos crimes são quase sempre insignificantes.
A violência familiar é um problema muito difícil de atacar pela sociedade, pois é cometida, regra geral, por um membro da família descontrolado sobre outro familiar, sob forma de coação física, psicológica, emocional e económica.
O que o crime de Portimão, ocorrido durante esta semana, vem revelar é que não é preciso um grande historial de desavenças para levar alguém à insanidade criminosa. Outra conclusão devastadora que podemos tirar é a da premeditação. Quer no caso do jovem algarvio quer noutros casos dados a conhecer pela comunicação social, percebemos que estes crimes foram minimamente planeados, de modo a ocultar provas ou a atrasar a investigação ou a proporcionar a fuga dos assassinos.

É assustador constatar como existe instinto assassino à solta na sociedade portuguesa. Tanta gente capaz de matar ou deixar matar aqueles que lhe são próximos por uma qualquer sem razão.
Não deixo de pensar como a destruição familiar tem tornado a sociedade fria, insensível, desumana e violenta. Quando as relações terminam, os filhos tornam-se um problema que se quer varrer para debaixo do tapete, especialmente quando atrapalham as novas relações que os progenitores querem assumir. Se a isto adicionarmos a natural rebeldia da adolescência e o pouco tempo que os adultos passam com as crianças e adolescentes, temos um contexto potencialmente perigoso. A voragem das coisas quotidianas, a falta de compromisso afetivo, o pouco investimento feito no diálogo minam os laços familiares.
Apesar de uma monstruosidade ser uma exceção, a sua repetição, cada vez mais frequente, revela sintomas preocupantes.
Evitar uma tragédia como a de Portimão é também saber ler sinais, acompanhar casos problemáticos, alertar pais e mães para as várias armadilhas que as vias rápidas da vida têm.

Gabriel Vilas Boas

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