O edifício conhecido como CASA DOS 24 –
mais rigorosamente, o edifício dos Paços do Concelho – situa-se junto à Sé do
Porto e foi proposto como um sinal da reconstrução da zona envolvente da Sé que
as demolições da década de 40 fizeram desaparecer.
Funcionando como um obstáculo vertical, A
CASA DOS 24 reenquadra visualmente a Sé e a sua proximidade física face à catedral portuense permitiu reabrir o debate sobre os limites de intervenção
arquitetónica em zonas de grande valor patrimonial.
O projeto de Fernando Távora constitui uma radical
inversão dos propósitos “higienistas” que pretendem exponenciar a
monumentalidade da Sé, criando uma esplanada que até permaneceu inacabada.
No plano programático, a CASA DOS 24
pretendia criar uma espécie de “memorial recordatório dos longos anos de vida e
de História da cidade do Porto”, e por isso três pisos – à cota do Terreiro da
Sé, da Rua Sebastião e ainda um intermédio – criam percursos e espaços para
contemplar a beleza de uma cidade ímpar.
Não havendo documentos históricos que provem
exatamente a conformação do edifício, Távora apoiou-se num documento que refere
que este tipo de edifício teria mais de “cem palmos de altura”. No entanto, Távora
propõe uma estrutura que evoca a antiga casa-torre. Assim sendo, “uma estrutura
de paredes em U, repousando sobre parte da ruína inexistente”, ergue-se
conformando três lados da torre.
O quarto lado é realizado com uma parede de
vidro, permitindo uma leitura abrangente da cidade e criando uma escala mais
amena face à malha urbana envolvente.
Continuando a trabalhar no sentido de
recriar com clareza e projeto a matriz histórica dos edifícios ou espaços onde
intervém, Fernando Távora pretendeu reintroduzir a relação original da Sé do
Porto com a sua envolvente.
Siza Vieira considerou este projeto de
Távora como pedra fundadora da intervenção que que ele próprio levou a cabo no início do
século XX na chamada “Avenida da Ponte”, onde retomou a ideia consagrada neste
edifício emblemático da cidade do Porto.
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