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domingo, 1 de novembro de 2015

TERRAMOTO DE LISBOA, 1755


No dia 1 de novembro de 1755, nem todos os santos impediram a natureza de dar uns fortes abanões na cidade de Lisboa. Tão fortes que os mortos e a destruição que causou ficaram para a História de Portugal. Duzentos e sessenta anos depois convém lembrar que este planeta que habitamos não é só nosso, como muito de vez em quando nos faz questão de lembrar a força bruta da Terra.
O Grande Terramoto de Lisboa causou a morte a cem mil pessoas e devastou a capital portuguesa desfigurando-lhe a face. Os efeitos do tsunmami lisboeta fizeram sentir-se em Inglaterra, estimando-se mais tarde que terá atingido o grau nove na escala de Richter. 

O terramoto também gerou ondas de choque filosóficas, como se as outras não fossem suficientes… Teólogos e padres esforçavam-se por conciliar a destruição de Lisboa com a noção de divindade benevolente. Ainda por cima o convento da Trindade tinha ficado de rastos e o do Carmo em ruínas! Talvez não fosse má ideia iniciar os crentes na noção de livre arbítrio, mas devem ter-se esquecido...
No seu romance “Candide”, 1759, que contém numerosas referências ao terramoto, Voltaire (que também escreveu o “Poema sobre o desastre de Lisboa”) satiriza o otimismo filosófico do pensador alemão Gottfried Leibniz que sustentava que o “melhor de todos os mundos possíveis” era o nosso porque foi criado por um deus omnipotente e omnipresente.

Quem não esteve para filosofias foi o Marquês do Pombal, que mandou enterrar os mortos e cuidar dos vivos e aproveitou os escombros da Baixa lisboeta para alargar as ruas, abrir avenidas e dar à capital portuguesa uma dimensão arquitetónica bem mais moderna de que ainda hoje usufrui.
Não devia ser preciso ocorreram grandes desgraças para tomarmos as decisões estruturantes das nossas vidas, todavia são elas (as tragédias naturais) que criam o inevitável, afastam a indecisão e o medo e calam as polémicas. Também nos lembram que a paciência da Natureza tem limites.

Gabriel Vilas Boas

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