O atentado de Dallas ao presidente John F.
Kennedy (JFK) foi noticiado em primeira mão pelo pivô da CBS, Walter Cronkite,
às 13.40 (hora local), exatamente dez minutos após os disparos que vitimaram o
presidente dos EUA.
A transmissão em direto de uma novela foi
interrompida diversas vezes pelos informativos áudios de Cronkite, à medida que
surgiam mais notícias. Pelas 14.30, Cronkite noticiaria já a morte do presidente,
deixando a América e o mundo em estado de choque.
Na sequência dos caóticos e complexos
acontecimentos das 72 horas seguintes, o vice-presidente Lyndon Baines Johnson
sucedeu ao assassinado presidente como 36.º presidente dos Estados Unidos da América.
Sobre o assassínio de Kennedy muitas
teorias se construíram, no entanto aquela que mais me marcou (e convenceu) foi
a exposta por Oliver Stone no filme “JFK”, de 1992, em que Stone procurou demonstrar
como o presidente norte-americano foi morto pelos «seus», numa demonstração
clara que o poder detesta que alguém abale as suas regras feitas de poder,
corrupção, dinheiro, guerra. Infelizmente, a História nunca trouxe à luz a mais
límpida verdade sobre os acontecimentos de 22 de novembro 1963.
Provavelmente Kennedy foi mais um mito do
que uma realidade efetiva de mudança, mas os mitos constroem-se assim: reais
promessas de um mundo melhor que alguém resolve interromper para sempre. São os
carrascos que mais contribuem para a criação desse mito.
Hoje pouco importa o que Kennedy poderia
ter realmente feito até porque a História escreveu, com alguns inúteis anos de
atraso, um tempo de paz, mas é interessante refletir e concluir sobre a importância
que homens como Kennedy, Gandhi, Luther King, Mandela, tiveram na História
coletiva e individual. Na verdade, eles foram uma locomotiva civilizacional que
fez acreditar milhões de pessoas que era possível construir um mundo melhor,
feito de liberdade, paz, tolerância, onde grande parte do nosso tempo fosse
ocupado a construir, a inventar, a criar algo que tornasse as nossas vidas um
largo rio de felicidade.
Kennedy era uma utopia? Ainda bem! Oscar
Wilde dizia que “o progresso não é senão a realização das utopias” e o escritor
uruguaio Eduardo Galeano acrescentou “A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me
dois passos. Ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre
dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a
utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
Gabriel Vilas Boas
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