Hoje,
o Agrupamento de Escolas de que faço parte (Agrupamento de Escolas de Amarante)
entrega os prémios de Mérito aos melhores alunos do ano letivo passado. São
oitenta alunos que sobem ao palco da escola para receber o seu diploma e respetivos
prémios associados (uma estatueta, um livro, um crachá).
É a
quarta vez que o Agrupamento promove esta festa, onde os melhores alunos do
4.º, 6.º e 9.º anos são premiados. Recordo como há quatro anos a ideia sofreu
resistências por parte de alguns professores, que viam nos quadros de mérito
reminiscências do ensino do tempo da ditadura salazarista ou então sugeriam que
tais prémios serviam propósitos de estratificação escolar, replicando a
estratificação social.
Sempre
vi com bons olhos os Prémios de Mérito na escola pública portuguesa. Reconhecer
o mérito dos alunos estudiosos, trabalhadores, aplicados é um dever da
comunidade e um ato da mais elementar justiça. E não é uma tarefa fácil
alcançar tal prémio. Os alunos têm de tirar uma média igual ou superior a 4,5
(numa classificação máxima de cinco) e obter, pelo menos, a classificação de
quatro nas provas/exames de Português e Matemática. Além disso, não podem ter
qualquer participação disciplinar nem falta injustificada.
Só quem
acompanha o trabalho diário deste tipo de alunos percebe quanto eles se
sacrificam, quantas horas devotam ao estudo, quantos fins-de-semana passam a
estudar para manter um nível tão alto, durante todo o ano escolar.
Esses
jovens são um exemplo para os colegas e não há quem discuta, inter pares, o seu mérito. O primeiro e mais importante
reconhecimento que estes jovens obtêm vem dos seus colegas. Depois chega o
reconhecimento dos professores, da direção da escola, dos pais, da comunidade.
Os
Prémios de Mérito são também o reconhecimento do trabalho, da persistência, da
dedicação de muitos professores que ajudaram os seus alunos a chegar a este
patamar de excelência.
Silenciosamente, gozam o momento, apreciam aqueles
rapazes e raparigas, que ajudaram a crescer, recebendo as palmas da plateia
repleta e sentem-se, um bocadinho, também merecedores delas. Muitas vezes são
estes jovens o combustível que os faz trabalhar melhor, que os desafia, que os
faz sentir minimamente realizados numa profissão tão causticada e tão
desconsiderada pela sociedade.
Nos
últimos anos chamei ao palco centenas de alunos amarantinos, citei os seus nomes
por completo, debaixo das palmas de colegas, professores, familiares, entidades
públicas locais e senti-lhes aquele lindo brilho nos olhos que trazem as
pessoas felizes. Desfrutar desses momentos é um dos raros prazeres que a
profissão de professor ainda encerra.
Gabriel
Vilas Boas
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