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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

JÚPITER E TÉTIS, de Jean Auguste Dominique Ingres

Esta grande tela, pintada em 1811, foi a última obra que Ingres completou enquanto estudante em Roma. Nela vemos Júpiter, o supremo deus da antiguidade, sentado no seu imperial trono no reino dos céus.
O deus tem um cetro na mão direita e o seu braço esquerdo repousa sobre uma nuvem. Uma águia ao seu lado observa-o atentamente. Esta poderosa águia era o atributo de Júpiter devido à sua grande força, velocidade e voo alto.
Júpiter ignora as atenções ardentes de Tétis, já que tinha sido profetizado que a descendência da sua união acabaria por o usurpar. Para o impedir, Júpiter ordenou que ela casasse com um mortal chamado Peleu. À esquerda, a ciumenta mulher de Júpiter, Juno, observava a cena com suspeição.

Ingres enviou esta obra, para ser criticada em Paris, em 1811, onde foi fortemente censurado pela falta de relevo e pelas curiosas proporções das suas figuras. No entanto, vinte e três anos depois (1834), esta obra viria a ser adquirida pelo estado francês, numa prova inequívoca do seu valor artístico.

Tétis e Júpiter são os elementos centrais do quadro de Ingres. A história destes dois seres da mitologia romana não começara sob os melhores auspícios. Uma profecia afirmava que Tétis (a mais encantadora das Nereides) daria à luz um filho que havia de superar o pai. Ora Júpiter não estava disposto a ser superado por ninguém e por isso ordenou a Tétis que desposasse Peleu. Embora Tétis tentasse que o enlace não se concretizasse, transformando-se primeiro em pássaro e depois em tigre, Peleu acabou por arrebatá-la.
Durante o casamento de Peleu e Tétis, a Discórdia atirou uma maçã de ouro como prémio para a mais bela das deusas ali presentes: Vénus, Minerva e Juno. Este ato conduziu ao chamado “julgamento de Páris”, que acabaria por provocar a Guerra de Troia.

Aquiles, herói da Guerra de Troia, era o filho de Tétis e Peleu. Na Ilíada, Homero conta como o filho de Tétis foi insultado por Agamémnon e como Tétis se ergueu das profundezas dos mares para se deslocar ao Olimpo e suplicar a Júpiter que vingasse o seu filho. O quadro de Ingres refere-se a esse pedido de Tétis que a Ilíada relata do seguinte modo:
Pai Zeus (Júpiter), se alguma vez entre os imortais eu te ajudei, por palavra ou gesto, realiza esta oração: honra o meu filho, que está destinado a uma morte mais cedo que a de qualquer homem; ainda agora Agamémnon, rei de homens, o desonrou, pois ele tomou e mantém seus troféus com seu ato arrogante. Todavia honra-o, Zeus olímpico, senhor do conselho; e dá poder aos troianos, até que os aqueus prestem homenagens ao meu filho e o elevem com recompensas.”

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