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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

EM FÚRIA CONTRA O ARMISTÍCIO, 1918


O armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial teve início às 11 horas do dia 11 de novembro de 1918 e para muitos foi uma redenção. Mas a Alemanha que pedia paz, no outono de 1918, era muito diferente da potência autoconfiante de 1914. O Kaiser Guilherme estava agora no exílio e os nacionalistas, como Hitler (então com 29 anos), encaravam o armistício como uma traição ao exército alemão não derrotado no campo de batalha.
Cresceu a convicção de que a Alemanha fora «apunhada à traição» e teve início uma caça às bruxas. As indemnizações impostas à Alemanha em Versalhes, em 1919, só fizeram crescer o ressentimento dos alemães e foram a semente desnecessária dum futuro conflito.
Neste contexto é interessante ler um excerto do Mein Kampf (A Minha Luta) de Adolf Hitler, em 1925.

«Já não podia aguentar. Já não me era possível ficar quieto nem mais um minuto. Mais uma vez tudo ficara negro perante os meus olhos; tateei e cambaleei até ao dormitório, lancei-me sobre o beliche e enterrei a minha cabeça ardente na almofada e nos cobertores. Desde que enfrentei a sepultura da minha mãe, não tinha voltado a chorar… Quando nos longos anos de guerra tantos dos meus camaradas e amigos foram arrebatados às fileiras pela morte, quase me parecia um pecado queixar-me. E afinal tudo fora em vão.
            Em vão todos os sacrifícios e privações, em vão a fome e a sede de meses que por vezes pareciam não ter fim; em vão as horas em que, com medo mortal a apartar-nos os corações ainda assim cumprimos o nosso dever; e em vão as mortes dos dois milhões que pereceram. Não se abrirão as sepulturas daqueles que, às centenas de milhares, com fé na sua mãe-pátria que os ludibriou com tal mistificação do mais alto sacrifício que um homem pode sofrer pelo seu povo neste mundo? Foi para isto que morreram? Foi este o significado do sacrifício que as mães alemãs ofereceram à mãe-pátria quando, com o coração dolorido deixaram os seus bem-amados filhos partir, para não mais voltarem a vê-los?
… A infâmia da indignação e a desonra da derrota queimaram-me a fronte… Nestas noites, senti crescer o ódio em mim, o ódio pelos responsáveis por esta ação… pela minha parte decidi dedicar-me à política.» Adolf Hiltler


O desejo da guerra, o ódio a outro povo não nasce apenas das humilhações que sofremos. Hitler abominava a paz como detestava judeus ou desejava subjugar a europa. As infelizes condições do armistício de 1918 foram o pretexto ideal para a sua ação futura. A História está cheia de homens como Adolf Hitler, cabe aos povos não lhes fornecerem os pretextos certos para as suas perversas intenções. Tal como há quase cem anos, a europa está farta de dar tiros nos pés, criando um cocktail molotov feito de xenofobia, racismo, ditaduras capitalistas que qualquer mal-intencionado pode facilmente aproveitar. Toda a paz pobre acaba em guerra.
Gabriel Vilas Boas

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