Há precisamente 24 anos, o basquetebolista norte-americano “Magic” Johnson anunciava em Los Angeles que se retirava do desporto por ser portador do vírus HIV.
“Magic” foi um dos melhores basquetebolistas de sempre da história deste desporto, um verdadeiro herói americano. A sua alcunha – Magic – dizia tudo: ele fazia magia e carregava o orgulho de uma cidade tão glamourosa como Los Angeles num dos desportos mais populares em toda a América.
Nos anos 80 fiquei tardes inteiras a ver jogos da NBA, passados em diferido na RTP2, para o ver jogar contra os “meus” Celtic de Boston de Lary Bird ou os Chicago Bulls de Michael Jordan. Foi com jogadas impossíveis, maravilhosas, únicas como as que ele fazia que aprendi a adorar o basquetebol, que era mesmo faaantástico como dizia o Carlos Barroca, que comentava o magazine semanal sobre a NBA na televisão pública.
“Magic” jogou durante 13 épocas, entre 1979 e 1991, na mais famosa liga do mundo de basquetebol. Encantou para sempre sucessivas gerações de fãs, empolgou uma rivalidade sadia com Michael Jordan que se entendia para lá das fronteiras dos EUA. Muitas vezes pensava que assistia a um bailado ou então a uma demonstração de sincronismo entre o movimento do homem, da bola e um lançamento ao cesto.
Tudo parecia tão fácil e belo que só podia ser Magic. O n.º 32 dos L.A. voava para o cesto como a graciosidade dum bailarino, a força dum atleta e depositava a bola no cesto com a simplicidade de uma criança. Ou então atirava certeiro de uma distância superior a seis metros do cesto com uma pontaria dum sniper que ninguém ficava indiferente à sua classe.
Cinco vezes campeão da NBA, três vezes considerado o melhor jogador da competição, campeão olímpico, em Barcelona, em 1992, com o famoso "Dream Time”, Magic viu o mundo desabar-lhe sobre a cabeça quando soube que tinha Sida.
Como mais tarde confessou, nunca soube ter os básicos cuidados de saúde nas diversas relações íntimas que manteve e, no seu caso, o vírus não entrou por uma questão de azar, mas de descuido. Mas Magic soube reagir como um campeão que sempre foi, utilizando toda a fama, prestígio e dinheiro que angariou numa carreira de sucesso para se tornar num ativista a favor da saúde humana, impulsionando grande parte dos tratamentos alternativos para os portadores do vírus do HIV.
Magic passou jogar noutro campeonato, onde a magia se fazia de conquistas diárias e alertas permanentes que o tornassem, desta vez, um exemplo a não seguir.
A vida de Magic Johnson teve luz e teve sombra, mas em todas as alturas ele foi um campeão, um exemplo de garra de determinação de que os vencedores são feitos.
Gabriel Vilas Boas
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