A expressão “a pensar morreu um burro” parece um contra-senso pela carga
negativa que a palavra tem quando aplicada aos seres humanos, mas significa que
alguém demora demasiado tempo a tomar uma
decisão, porque nela pensa durante muito tempo.
A história que dá corpo a esta expressão
idiomática é de um filósofo francês do século XIV, Jean Buridan. Em O Asno, este reitor da Academia de Paris
escreveu sobre essa característica humana: a indecisão. Imaginou um burro cheio
de sede e de fome. Perante duas tijelas, uma cheia de água e outra de comida, o
burro ficou tão indeciso que acabou por morrer à fome e à sede.
A indecisão é uma das características que
mais atrasa o desenvolvimento individual e coletivo. Obviamente, que não
devemos decidir rapidamente, sem necessidade, mas fugir à tomada de decisões,
normalmente acaba por ser a pior das decisões.
Escolher faz parte da vida e, muitas
vezes, implica perder algo... muito importante ou até perder
tudo. Este medo tolhe, assusta, paralisa.
Não decidir também pode ser uma decisão,
mas dificilmente será a melhor e nunca será nossa.
A sabedoria deste ditado popular reside
no facto de nos ensinar a aceitar que a vida comporta riscos e devemos assumi-los.
Não como se de um jogo se tratasse, mas como um elemento fundamental para o
nosso crescimento.
Este crescente medo de decidir, começa
no indivíduo e prolonga-se no trabalho e em decisões relevantes para a vida dos
povos. Ninguém decide sempre bem, mas só quem arrisca decidir está em condições
de decidir melhor na próxima angústia, dúvida, incerteza.
A racionalidade é indispensável ao
comportamento humano, mas é indesmentível que o instinto e a intuição, muitas
vezes, são a chave que abre as portas do futuro e, algumas vezes, do Destino.
Gabriel
Vilas Boas
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