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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O 25 DE NOVEMBRO DE 1975


Há precisamente quarenta anos, o 25 de novembro de 1975 foi o dia em que Portugal mais perto esteve de mergulhar numa guerra civil de consequências incalculáveis, mas certamente nefastas para uma jovem democracia de ano e meio.
Nesse dia, forças da extrema-esquerda radical portuguesa tentaram um golpe militar que se propunha derrubar o governo e instaurar em Portugal uma ditadura comunista, próxima da daquilo que acontecia nos países de leste e sob influência da União Soviética. Felizmente um grupo de operacionais, comandados por Ramalho Eanes (o povo havia de lhe agradecer com uma dupla eleição para Presidente da República), conseguiu controlar e dominar os revoltosos e fez abortar a intentona sem grande derramamento de sangue.
As conquistas de abril de 1974 estiveram por um fio. Embora nunca o admitisse explicitamente, o PCP esteve por detrás deste frustrado assalto ao poder. Até porque Cunhal acabou por falar em derrota da esquerda revolucionária, uns dias mais tarde.

O que falhou ao PCP foi a coragem (ou a falta dela) de Otelo Saraiva de Carvalho e do presidente da República, Costa Gomes. Otelo foi para casa em vez de assumir o comando do golpe; Costa Gomes lutou por evitar uma guerra civil, o que na prática significou o não apoio às ideias de Cunhal.
Talvez o PCP não tenha percebido logo, mas a 25 de novembro de 1975 perdeu muito mais que um falhado assalto ao poder. Perdeu credibilidade, perdeu a confiança da esmagadora maioria do povo. Aqueles que haviam lutado como nenhuns outros contra a ditadura fascista de Salazar, mostravam ser apenas uns ditadores de sinal contrário. Ora os portugueses queriam liberdade, democracia, pois só isso garantia condições de desenvolvimento.
Quarenta anos depois o PCP chega ao poder, mantendo-se fora do governo. Terão a oportunidade que sempre reclamaram: influenciar políticas, pugnar pelos direitos dos trabalhadores, criar condições para uma maior equidade social. Se não cederem à tentação de impor ideologias, se não forem contra a vontade da maioria da população em matérias como a integração na União Europeia, a Nato, o euro e até a economia de mercado, podem limpar a má imagem que deixaram há quarenta anos. 



Provavelmente, mais de metade da população portuguesa não acredita nisso. Tal como aconteceu com o PCP há quarenta anos, eu gostava que essa imensa maioria que detesta os comunistas estivesse enganada. Como desejo o melhor para o meu país e acho que algumas das reivindicações comunistas têm que ter cabimento orçamental (afinal sempre arranjamos 7 mil milhões de euros para pagar BPN e BES), espero que só voltemos a falar de eleições daqui a quatro anos e nessa altura ninguém tenha dúvidas que o PCP é um parceiro "credível” da democracia portuguesa. São as ditaduras, e não as democracias que se fazem de preconceitos.

Gabriel Vilas Boas

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