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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

BOLERO, de Ravel

 Quando, na primavera de 1928, a famosa bailarina russa Ida Rubinstein lhe pediu “uma peça para ballet, com carácter espanhol”, o francês Maurice Ravel estaria longe de pensar que no verão desse mesmo ano comporia a mais famosa peça da sua carreira: o Bolero.
Ravel pensou, primeiro, em satisfazer os desejos de Rubinstein através da adaptação de trechos da “Iberia” de Isaac Albéniz, mas não conseguiu a necessária autorização do autor e teve de deitar mãos à obra.

“O mais belo longo crescendo do mundo” ficou pronto em Outubro, mas apenas a 22 de novembro de 1928, Ravel a apresentou ao grande público, em Paris, onde Ida Rubinstein causou escândalo ao coreografar a obra que Ravel compusera par ela com uma dança cheia de sensualidade.
O sucesso do Bolero de Ravel foi crescendo como a própria música prometia e vários compositores ousaram fazer a sua própria interpretação da original e apaixonante obra do pianista e compositor francês. 

Os coreógrafos também ficaram enfeitiçados pelo Bolero de Ravel, de tal maneira que ficou famosa a versão que o dançarino Maurice Béjart criou para esta composição de Ravel, em 1961. Esta coreografia ficou tão célebre que o argentino Jorge Donn resolveu adotá-la, no filme “Retratos da Vida”.
A popularidade do Bolero crescia de ano para ano e ofuscou, um pouco, a originalidade que Ravel havia introduzido com ela. O compositor francês criou uma composição que privilegiava a dinâmica, onde o ritmo é invariável e a melodia uniforme e repetitiva. Escrita para ter a duração teórica de 14 minutos e dez segundos, o Bolero de Ravel acabou por consumir 15 minutos e 40 segundos na primeira gravação e o próprio autor admitir que a peça poderia chegar aos 17 minutos.

O sucesso desta obra-prima de Maurice Ravel ficou a dever-se, em muito, à sua ligação com a dança. Não é por acaso que existe uma dança com o mesmo nome… Através da dinâmica do Bolero, vários bailarinos reinventaram e redefiniram vários movimentos corporais, criando um novo estilo.
Ravel faleceu no final do ano de 1937 e não pôde presenciar toda a popularidade que o Bolero criado por si alcançou. Talvez gostasse de saber que todos os dias, ao pôr-do-sol, Jurandy Sax toca o seu Bolero na praia do Jacaré, em Paraíba, no Brasil.
A imortalidade também se faz de coisas assim.
Gabriel Vilas Boas





1 comentário:

  1. Ravel pôs ao serviço do bom gosto toda a sua genialidade e no Bolero não só foi genial como "celestial". Gostei.

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