A Casa da Música está
de parabéns: faz dez anos de vida.
Durante dez anos
acolheu 4 milhões e 500 mil pessoas, tornando-se no mais importante polo cultural
do norte do país. Afirmou-se convictamente com um espaço de excelência aberto a
todo o tipo de música e não apenas à música erudita e isso foi das medidas mais
sábias que a direção da Casa da Música tomou.
No entanto, a gestação
deste projeto cultural foi difícil e conturbado. Pensada como elemento âncora
do Porto Capital Europeia da Cultura 2001, falhou todos os prazos de construção
e quadruplicou o orçamento. Depois o projeto apresentado pelo arquiteto
holandês Koolhaas causou enorme polémica, pois muitos consideraram-no demasiado
arrojado e desfocado da zona envolvente.
No entanto, a força das
convicções e dum orçamento generoso permitiu que a criança visse a luz do dia e o
primeiro concerto oficial tivesse lugar a 14 de abril de 2005. Aí todos puderam
ver a excelência da acústica das diversas salas e auditórios.
Uma análise mais atenta
possibilita verificar a continuidade visual que se estabelece entre interior e
exterior, assim como entre os próprios espaços de referência no interior do
gigantesco edifício. Quem percorre o edifício pela primeira vez sente-se dentro
duma caixa de surpresas, onde o mistério e ambiguidade são permanentes e nos
impelem à descoberta.
Uma das grandes
virtudes da Casa da Música é a sua funcionalidade. Possui dois auditórios principais,
embora outras áreas possam ser adaptadas para concertos e espetáculos. O
auditório grande possui capacidade para 1238 pessoas, mas a sua capacidade pode
variar de acordo com os interesses do espetáculo. A mesma flexibilidade
acompanha o auditório mais pequeno, embora normalmente possam caber 300 pessoas
sentadas e 650 de pé.
Tudo foi pensado em
função do espetáculos e das suas especificidades assim como da comodidade do
espetador. Nesta casa mãe da música habitam quatro agrupamentos residentes: a
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música; o Remix Ensemble Casa da Música
(grupo de música contemporânea); a Orquestra Barroca Casa da Música e o Coro
Casa da Música.
Além disso, a Casa da
Música tem um importante Serviço Educativo que faz a ligação com o meio escolar
e com o público menos educado musicalmente.
A nível de espetáculos,
o espetadores pode ver e ouvir de tudo um pouco, pois há ciclos de piano, de
jazz e de música barroca, ao longo de todo o ano. É um espaço aberto a todos os
géneros musicais e possui uma excelente programação.
Por opção própria da
Casa da Música, não é possível ouvir ópera em condições excelentes, como
acontece, por exemplo, no S. Carlos. Isso acontece porque a Casa da Música não
tem fosso para orquestra. E o mesmo sucede com os bailados. Esta opção (de
não colocar o fosso) prende-se com a acústica que dessa forma perderia
qualidade.
Assistir a espetáculos
musicais na Casa Da Música é um privilégio que muitos tornaram um hábito, enriquecendo
o espírito, o gosto e a vista.
Gabriel Vilas Boas
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