Faz hoje cem anos que Billie Holiday nasceu; aquela que é por muitos considerada a melhor cantora de jazz de todos os tempos.
Billie Holiday deu à vida o melhor jazz que uma mulher cantou e a vida retribui-lhe com a mais amarga má sorte que alguém pode ter. A vida de Eleanora Fagan Gouth é um tratado sobre o infortúnio.
Filha de pais adolescentes, violada aos dez, mendigando por comida aos doze, prostituindo-se aos catorze, Eleanora interrompe o calvário existencial, aos quinze, quando um pianista lhe pergunta se não teria jeito para cantar.
Quando o crítico musical John Hammond reparou no seu talento perdido em bares noturnos, o mundo começou a conhecer uma voz maravilhosa que elevou a categoria do jazz.
Quem a ouvia rendia-se àquela voz rouca, profunda e sensual, onde escorriam palavras cheias de musicalidade e emoção. Os apreciadores de jazz pediam-lhe para emparceirar com os deuses do jazz porque ela pertencia à realeza.
Já na condição de diva, cantou entre brancos numa América racista, atraiu Louis Armstrong e sobretudo Lester Young, com quem gravou mais de cinquenta canções. Nessa altura Eleanora já era a divina Billie Holiday, que cantava “Love Me or Leave Me”, “Strange Fruit”, “Blue Moon” ou uma curiosa “All of me”, cuja letra cito parcialmente:
Todavia a vida continuou a ser indecente com Billie. Falhou casamentos e amores, encontrou a bebida e as drogas que a levaram à morte precoce que parecia ter escrito no código genético.
Como uma qualquer canção de jazz, a sua vida foi um improviso, onde o talento sucumbiu à desgraça.
No tempo de Billie não havia HD e o som não era captado nas melhores condições, mesmo assim sabe bem ouvir um jazz interpretado por Billie Holiday, porque, como diria James Bound, os diamantes são eternos.
Gabriel Vilas Boas
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