Imagine-se que um homem
tem uma bela mulher e vê-se forçado a deixá-la sozinha por causa de uma guerra.
Se sabe que a esposa é virtuosa, parte sossegado. Foi isso que fez Anfitrião,
rei de Tebas, casado com Alcmena cuja história foi eternizada na comédia “Amphitruo”,
de Plauto (ca. 254 a.C. – 184 a.C.).
O protagonista da nossa
história só não contava que Zeus (ou Júpiter, para os Romanos), o pai dos
deuses, famoso pelos artifícios que engendrava para conquistar mulheres
alheias, fosse cair de amores por Alcmena. E, desta feita, a artimanha foi
planeada ao pormenor: como Anfitrião estava ausente, Zeus assumiu a aparência
do herói, fez com que o seu filho Mercúrio assumisse a pele de Sósia (o escravo
e companheiro de Anfitrião) e apresentou-se diante de Alcmena como sendo o
marido que regressava a casa.
Saudosa e sem
desconfiar de nada, a jovem não se negou a partilhar
durante três dias inteiros, a sua cama com o pai dos deuses. Quando o
verdadeiro marido regressou, triunfante, a casa, estranhou o facto de a esposa
não o receber calorosamente e de todos agirem como se ele não tivesse tanto
tempo fora. O pobre homem não conseguia compreender o que se estava a passar.
Por incrível que
pareça, foi o próprio Zeus, descaradamente, lhe veio explicar os factos:
Alcmena iria dar à luz dois filhos, um ser divino (Hércules) e um ser mortal
(Íficles). A cólera de Anfitrião foi aplacada por Zeus que lhe prometeu glória
futura. Como Hércules seria o maior herói de todos os tempos, Anfitrião, seu pai
adotivo, também ficaria famoso.
Toda esta história está
na origem da palavra “anfitrião” que designa o indivíduo que recebe hóspedes ou
convidados em sua casa. Esta história (mito) muito conhecida e apreciada, tem
sido reescrita ao longo dos séculos. Em Portugal, o tema foi aproveitado por escritores
ilustres como Camões em “Enfatriões” e António José Silva (O Judeu) em “Anfitrião”.
As adaptações terão sido tantas que o francês intitulou a sua obra de “Amphitryon
38”, pois julgavam que existiam 37 versões anteriores à sua e posteriores ao
original de Plauto. Outro escritor famoso a trabalhar o tema foi Molière, que, na comédia “Amphitryon” (1668), põe em cena um banquete oferecido por Zeus,
durante o qual Sósia exclamou: “O verdadeiro Anfitrião é aquele em casa de quem
se janta.” É a estes versos que muitos estudiosos atribuem a atual aceção do
termo, usado em português desde a segunda metade do século XIX, apesar de hoje
em dia não se esperar que um anfitrião conceda todos os favores que Zeus obteve…
Lembrar estas estórias da mitologia greco-latina é mais que interessante, é obrigatório! É continuar integrados nas raízes na nossa simbologia ascentral. Zeus não só se transformou neste Anfitrião, mas também em touro para enganar Europa, e outras. Enfim, grato por se lembrar disto.
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