Quando uma
brincadeira se institucionaliza deixa de ser brincadeira. E uma brincadeira
tornada coisa séria não tem piada.
Devia ser proibido
lembrar que o dia um de abril é o dia de pregar uma peta bem pregada aos
incautos desta vida. Primeiro, porque é muito mais difícil fazê-lo, depois,
porque com tantos avisos sentimo-nos muito tolos em cair em qualquer facécia.
No entanto, a grande
tristeza do Dia das Mentiras é a concorrência que passou a ter de todos os
outros dias do ano. Há muito tempo que mentir deixou de ser uma inocente brincadeira
para se tornar numa infeliz e corriqueira normalidade. Regularmente usada para
retirar qualquer tipo de vantagem, a mentira instalou-se definitivamente no
quotidiano e tem tornado as pessoas infelizes.
Piedosas, “necessárias”,
descaradas, maldosas, oportunistas, as mentiras causam quase sempre dano a quem
atingem. Mentir tornou-se demasiado fácil e indolor. Deixou até de ser uma
arte, pois a maioria das pessoas tende a descrer de muito do que ouvem ou lhe
prometem.
A mentira tornou-nos
seres mais reservados e infelizes, porque gostamos de acreditar e confiar nas
pessoas, já que isso é um sinal de amizade.
Se olharmos com
atenção, verificamos que a maioria das “mentirinhas” que pregamos no dia-a-dia é
desnecessária e perigosa. Elas destroem muito e asseguram pouco, quando
asseguram…
Não temos obviamente
que contar tudo a toda a gente. Há assuntos que só a nós nos dizem respeito,
mas o convívio entre as pessoas melhora bastante quando existe confiança sobre
a veracidade daquilo que se conversa.
A mentira devia ser
apenas uma brincadeira do dia 1 de abril.
De tal maneira inocente que nos levasse a sorrir com a partida que nos
pregaram.
Gabriel
Vilas Boas
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