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quarta-feira, 1 de abril de 2015

DIA DAS MENTIRAS


Quando uma brincadeira se institucionaliza deixa de ser brincadeira. E uma brincadeira tornada coisa séria não tem piada.
Devia ser proibido lembrar que o dia um de abril é o dia de pregar uma peta bem pregada aos incautos desta vida. Primeiro, porque é muito mais difícil fazê-lo, depois, porque com tantos avisos sentimo-nos muito tolos em cair em qualquer facécia.
No entanto, a grande tristeza do Dia das Mentiras é a concorrência que passou a ter de todos os outros dias do ano. Há muito tempo que mentir deixou de ser uma inocente brincadeira para se tornar numa infeliz e corriqueira normalidade. Regularmente usada para retirar qualquer tipo de vantagem, a mentira instalou-se definitivamente no quotidiano e tem tornado as pessoas infelizes.

Piedosas, “necessárias”, descaradas, maldosas, oportunistas, as mentiras causam quase sempre dano a quem atingem. Mentir tornou-se demasiado fácil e indolor. Deixou até de ser uma arte, pois a maioria das pessoas tende a descrer de muito do que ouvem ou lhe prometem.
A mentira tornou-nos seres mais reservados e infelizes, porque gostamos de acreditar e confiar nas pessoas, já que isso é um sinal de amizade.
Se olharmos com atenção, verificamos que a maioria das “mentirinhas” que pregamos no dia-a-dia é desnecessária e perigosa. Elas destroem muito e asseguram pouco, quando asseguram…
Não temos obviamente que contar tudo a toda a gente. Há assuntos que só a nós nos dizem respeito, mas o convívio entre as pessoas melhora bastante quando existe confiança sobre a veracidade daquilo que se conversa.
A mentira devia ser apenas uma brincadeira do dia 1 de abril. De tal maneira inocente que nos levasse a sorrir com a partida que nos pregaram.

Gabriel Vilas Boas

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