Esta semana a
Universidade de Coimbra completou 725 anos de história. A esta universidade
ligam-me laços profundos, pois estudei e formei-me nela e em Coimbra vivi
momentos extraordinários que ainda hoje recordo com saudade.
Hoje escrevo sobre os Paços da
Universidade mais famosa do país e um das mais antigas e famosas da Europa.
Situada na parte alta
da cidade, na zona da alcáçova, a dominar a cidade e com amplas vistas panorâmicas
sobre o Mondego, os PAÇOS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, que começaram a ser
construídos no século XIII, albergam hoje, para além das instalações
académicas, a Biblioteca da Universidade e o Museu de Arte Sacra.
Trata-se de uma
arquitetura civil, residencial, educativa e científica, na qual predominam os
estilos gótico, manuelino, renascentista e maneirista, barroco, pombalino e
neoclássico.
A Universidade de
Coimbra é uma das mais antigas universidades da Europa. Fundada em Lisboa em
1290, foi definitivamente transferida para Coimbra no século XVI, instalando-se
no Paço Real. O edifício apenas passou a pertencer à universidade em 1597, data
em que esta instituição o adquiriu, durante o domínio filipino, ao monarca
espanhol Filipe II, I de Portugal.
A Biblioteca Joanina
Dentro do complexo,
destaque para a Biblioteca Joanina, de estilo barroco, construída em 1717, no
reinado de D. João V. Tem um portal nobre de estilo barroco, encimado por
escudo nacional. O interior é formado por três salas comunicantes por três
arcos de estrutura idêntica à do portal. As paredes são cobertas de estantes de
dois andares, e madeiras exóticas, douradas e policromadas executadas por
Manuel da Silva, que era o pintor régio.
A Biblioteca – que guarda
um retrato evocativo de D. João V, datado de 1725 – tem cerca de 300 mil obras,
dos séculos XII ao XIX, com especial incidência em áreas como o Direito, a
Teologia e a Filosofia.
Uma vista da Via Latina
É ainda de notar que a
capela de S. Miguel, mandada construir entre 1517-1522, tem fachada manuelina,
foi remodelada nos séculos XVII e XVIII. O portal principal também é manuelino,
mas a porta de acesso é já de estilo neoclássico e o retábulo principal de
talha dourada é maneirista, com pinturas de Domingos Serrão e Simão Rodrigues,
sobre a vida de Cristo.
Uma das salas mais
famosas de toda a Universidade é a Sala dos Capelos. Já foi sala do trono e
atualmente é lá que se fazem os mais importantes atos académicos, como por
exemplo os doutoramentos. Data de meados do século XVII e é da autoria de
António Tavares. O teto é de madeira e nele se podem ver pinturas de grotescos.
Nesta sala são ainda de realçar os azulejos tipo «Tapete» e telas de reis, da
autoria de Columbano e João Baptista Ribeiro.
Sublinhe-se igualmente
a Torre em estilo barroco de Mafra, construída entre 1728 e 1733. Tem 34 metros
de altura e um sino estridente que chamava os alunos para as aulas e por isso
estes lhe chama(va)m “cabra”.
Nestes Paços da Universidade coimbrã devemos ainda destacar a Via Latina, com colunas neoclássicas,
construída no século XVIII, no centro da qual existe um conjunto de esculturas
executado por Laprade em 1700, ao qual se juntou o busto de D. José I e duas
figuras alegóricas.
Finalmente, um último
olhar sobre a Porta Férrea, entrada nobre do edifício principal da
Universidade. Data de 1634, maneirista de corrente popular, o que a partir de
1570 é típico da arte de Coimbra.
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