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quinta-feira, 2 de abril de 2015

CRISTO NA CRUZ, DE BOSCH (Pintura Flamenga dos séculos XV e XVI)

Na semana anterior trouxe-vos uma panorâmica geral dos Museus Reais de Belas-Artes da Bélgica, de que faz parte o Museu de Arte Antiga, onde podemos apreciar alguns dos mais belos exemplos da pintura renascentista flamenga dos séculos XV e XVI. Tendo em conta o momento pascal que atravessamos decidi escolher uma das obras que o Museu de Arte Antiga de Bruxelas acolhe com muito orgulho: o Cristo na Cruz, de Bosch
Hyeronimus van eken BOSCH (1450-1516) é um pintor e desenhador flamengo cuja obra foi catalogada como «estranha» e «mística». Pertencia a uma família de artistas e a sua pintura caracterizava-se pela extraordinária fantasia que se encontra tanto nas composições com uma atmosfera de pesadelo como em outras de fina ironia.

Cristo na Cruz, óleo sobre madeira (75X61X1,5), de 1490
Esta obra representa um momento da paixão de Jesus Cristo, quando este foi crucificado no monte Gólgota, segundo as Sagradas Escrituras. À sua esquerda está a Virgem Maria com São João Evangelista. À sua direita encontra-se o doador da obra, que está ajoelhado em atitude de oração, acompanhado por S. Pedro. Este último faz alusão ao nome de batismo do doador. No chão estão espalhados os ossos e a caveira de Adão, sobre os quais se ergue a cruz em sinal de Redenção pelo pecado original.
Um corvo, à esquerda, assinala a morte de Cristo. Ao fundo, a paisagem está descrita de forma pormenorizada e representa uma cidade flamenga, tal como era característico da pintura do momento, que representava através das paisagens religiosas a própria vida da Flandres.
A pintura pertence ao período médio de Hyeronymus Bosch, quando a sua obra ainda apresentava alguns convencionalismos. Contudo, a tábua afasta-se da simetria e do estatismo, estando repleta de tensão, o que antecipa o tipo de pintura que passará a fazer durante o século XVI.
Para terminar chamo a atenção para dois pormenores relevantes no quadro de Bosch

       A caveira de Adão era frequente surgir nas representações flamengas da Crucificação. Segundo a tradição popular, Jesus foi cravado em cima da caveira de Adão, redimindo assim o pecado original.



São Pedro aponta para o doador, apresentando-o ao Senhor. Nas pinturas flamengas, o santo patronímico acompanhava sempre o doador.   





Gabriel Vilas Boas

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