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domingo, 1 de fevereiro de 2015

TORRE DE BELÉM


Faz este ano 500 anos que D. Manuel I mandou erguer a Torre de Belém, o monumento português mais visitado por estrangeiros. Nesse local, o seu antecessor, D. João II quis erguer um forte de defesa do porto, mas morreu sem ver o seu projeto passar do papel. Coube a D. Manuel executar o pensamento do Príncipe Perfeito introduzindo-lhe algumas alterações.
Garcia de Resende tinha sido encarregue do projeto inicial, mas foi Francisco Arruda que o terminou, em 1519, tornando a torre de Belém num obra-prima da arquitetura do século XVI e um símbolo maior dos Descobrimentos.


No início do século XVI as águas do Tejo batiam mais perto do local onde já se começara a construir o Mosteiro dos Jerónimos. Em frente, como que emergindo do rio, um conjunto rochoso foi considerado suficiente para nele se levantar a fortificação de dois corpos – torre e baluarte –, que teve várias designações antes de se fixar como Torre de São Vicente de Belém. Hoje está classificada como Património Mundial da UNESCO.
Em planta, a fortificação é composta pela torre (onde ficava a casa do capitão-mor), e pelo baluarte hexagonal que a rodeia e protege.
A torre é constituída por quatro pisos, sendo o último recuado e rodeado por caminho de ronda. Todos os andares são rasgados a cada face por vãos.


No primeiro, o vão é simples, de arco pleno, e apresenta duas guaritas no cunhal do lado norte; no segundo, existem janelas com pequeno balcão e na face sul sobressai a galeria renascentista, inspirada na arquitetura que dominava na época. Nos vértices este e oeste da face norte encontram-se nichos com imagens de São Vicente e São Miguel; no terceiro andar, podemos observar um vão de dois lumes divididos por mainéis; no andar quarto, há uma porta a norte e virada a este para o caminho de ronda. A torre é coroada por eirado defendido por merlões piramidais e quatro guaritas nos ângulos.
A riqueza decorativa da torre é essencialmente exterior, atraindo as máquinas de fotógrafos de todo o mundo e servindo de cenário histórico a uma cidade cheia de luz e vida.
 O baluarte apresenta muralhas com inclinação, rasgadas por dezassete canhoeiras para tiro rasante, que são coroadas por merlões em forma de escudo com a Cruz de Cristo e guaritas nos ângulos, o que não nos deixa esquecer que estamos num forte militar defensivo.
Os dois pisos são rematados por terraço, ao centro, e por varandim. Na face virada ao mar surge a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso, com o Menino, também conhecida por Nossa Senhora do Restelo.
Depois de nos deleitarmos com as belas vistas que qualquer dos pisos superiores permite, é tempo de descer ao piso inferior, situado abaixo da linha de água. Era lá que se guardavam as munições para os dezassete canhões da forte, mas na verdade este piso acabou por se tornar numa das prisões mais célebres do reino no século XVII, pois lá foram parar algumas altas figuras da nobreza portuguesa, acusadas de conspirar contra o rei. Foi assim com o duque de Caminha, o marquês de Vila Real e o conde de Vale dos Reis, ali encerrados por suspeita de conspiração contra D. João IV, em 1641.

Gabriel Vilas Boas 

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