Faz este ano 500 anos
que D. Manuel I mandou erguer a Torre de Belém, o monumento português mais
visitado por estrangeiros. Nesse local, o seu antecessor, D. João II quis
erguer um forte de defesa do porto, mas morreu sem ver o seu projeto passar do
papel. Coube a D. Manuel executar o pensamento do Príncipe Perfeito
introduzindo-lhe algumas alterações.
Garcia de Resende
tinha sido encarregue do projeto inicial, mas foi Francisco Arruda que o
terminou, em 1519, tornando a torre de Belém num obra-prima da arquitetura do
século XVI e um símbolo maior dos Descobrimentos.
No início do século
XVI as águas do Tejo batiam mais perto do local onde já se começara a construir
o Mosteiro dos Jerónimos. Em frente, como que emergindo do rio, um conjunto
rochoso foi considerado suficiente para nele se levantar a fortificação de dois
corpos – torre e baluarte –, que teve várias designações antes de se fixar como
Torre de São Vicente de Belém. Hoje está classificada como Património Mundial
da UNESCO.
Em planta, a fortificação é composta pela torre (onde ficava a casa do capitão-mor), e pelo baluarte hexagonal
que a rodeia e protege.
A torre é constituída
por quatro pisos, sendo o último recuado e rodeado por caminho de ronda. Todos
os andares são rasgados a cada face por vãos.
No primeiro, o vão é
simples, de arco pleno, e apresenta duas guaritas no cunhal do lado norte; no
segundo, existem janelas com pequeno balcão e na face sul sobressai a galeria
renascentista, inspirada na arquitetura que dominava na época. Nos vértices
este e oeste da face norte encontram-se nichos com imagens de São Vicente e São Miguel; no terceiro andar, podemos observar um vão de dois lumes divididos por
mainéis; no andar quarto, há uma porta a norte e virada a este para o caminho
de ronda. A torre é coroada por eirado defendido por merlões piramidais e
quatro guaritas nos ângulos.
A riqueza decorativa
da torre é essencialmente exterior, atraindo as máquinas de fotógrafos de todo
o mundo e servindo de cenário histórico a uma cidade cheia de luz e vida.
O baluarte apresenta muralhas com inclinação,
rasgadas por dezassete canhoeiras para tiro rasante, que são coroadas por merlões
em forma de escudo com a Cruz de Cristo e guaritas nos ângulos, o que não nos
deixa esquecer que estamos num forte militar defensivo.
Os dois pisos são rematados
por terraço, ao centro, e por varandim. Na face virada ao mar surge a imagem de Nossa
Senhora do Bom Sucesso, com o Menino, também conhecida por Nossa Senhora do
Restelo.
Depois de nos
deleitarmos com as belas vistas que qualquer dos pisos superiores permite, é
tempo de descer ao piso inferior, situado abaixo da linha de água. Era lá que
se guardavam as munições para os dezassete canhões da forte, mas na verdade este piso acabou por se tornar numa das prisões mais célebres do reino no século XVII,
pois lá foram parar algumas altas figuras da nobreza portuguesa, acusadas de
conspirar contra o rei. Foi assim com o duque de Caminha, o marquês de Vila
Real e o conde de Vale dos Reis, ali encerrados por suspeita de conspiração
contra D. João IV, em 1641.
Gabriel
Vilas Boas
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