Perto
do Museu Machado de Castro e com a Faculdade de Medicina pela frente, a Sé
Nova, em Coimbra, é um monumento que sofre de falta de “visibilidade notória”
ao visitante que chega à cidade dos estudantes para admirar toda a
monumentalidade da alta coimbrã. E no entanto, a Sé Nova de Coimbra tem muito
que ver e apreciar, arquitetonicamente falando.
Basicamente,
estamos perante uma arquitetura maneirista e barroca. A tipologia do edifício é
típica das igrejas da Companhia de Jesus: sóbria, funcional, grande unidade
espacial e rigor planimétrico, embora mantendo todo o carácter monumental que
se adivinha por fora.
A
fachada é toda ela austera, sóbria e maciça, e ao mesmo tempo, erudita e
elegante, como a cidade.
No
interior, percebemos logo que abundam altares em talha de barroco, do final do
século XVII, à exceção do primeiro altar, do lado direito, que é joanino.
A
utilização da lanterna no cruzeiro do transepto e o corpo superior da fachada
seguido por duas torres sineiras integram esta igreja na tipologia das igrejas
jesuítas de Portugal e Brasil.
A
igreja tem uma planta longitudinal, composta por uma nave com capelas laterais,
transepto inscrito e capela-mor. Do lado esquerdo fica a sacristia e do direito
o claustro. A cobertura é em telhado de duas águas.
A
fachada é composta por dois corpos sobrepostos: o inferior, com escadaria de
acesso, é dividido em cinco panos por pilastras dóricas, destacando-se, nos
três panos centrais, três portas encimadas por três janelas e, nos panos laterais,
quatro nichos.
No
corpo superior, há pilastras jónicas que sustentam frontões interrompidos,
enquadrando um corpo mais elevado, por trás do qual surgem duas torres
sineiras.
Em
1598, data do início da construção, a obra foi entregue à Companhia de Jesus e
ao colégio onde estava integrada. Os jesuítas, congregação missionária fundada
em 1534 por Inácio de Loyola, cresceram rapidamente em prestígio e poder, dentro
e fora da Igreja, quer em Portugal quer no Brasil, onde se envolveram na Guerra
do Guaraná. Isto serviu de pretexto para o Marquês do Pombal decretar a sua
expulsão de território português em 1759, alegando que o seu poder era tão
grande que ameaçava o poder do Estado e do Rei.
Esta
expulsão dos jesuítas, em meados do século XVIII, acarretou o abandono das
instalações da Sé Nova por parte dos jesuítas, tendo o bispado tomado conta das
instalações em 1772. Aliás, a sede do Bispado de Coimbra funciona, como seria de
esperar, na Sé Nova.
No século XIX, o bispo D. Manuel Bastos Pina
mandou executar no edifício importantes obras, especialmente nos anexos, que a tornaram mais funcional, de tal modo que nos seus claustros funciona o Museu de
Mineralogia da Faculdade de Ciências.
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