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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

GAGO COUTINHO


Gago Coutinho foi um português de espírito inquieto e um desejo incomensurável de descobrir! A terra, o mar, o ar. Nada lhe escapou.
Quis ser engenheiro na Alemanha, mas uma família pobre empurrou-o para a Escola Naval, que o havia de levar, na viragem do século XIX para o XX, a África e à Ásia, onde se notabilizou como cartógrafo. Cartografou São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Congo, Angola, entre outras até que travou conhecimento com a sua alma gémea: Sacadura Cabral. Este havia de lhe incutir a paixão de aviação.
Juntos desenvolveram ferramentas aerodinâmicas que lhes permitiram voar entre Lisboa e o Funchal, na primeira experiência aérea bem-sucedida da aviação portuguesa. Portugal vivia os tempos conturbados da Primeira República, onde os governos se sucediam a um ritmo alucinante sem resolverem problema algum.


Já Gago Coutinho cavalgava a ilusão de conquistas ainda maiores e lançou-se numa empresa épica: fazer a travessia área entre Portugal e o Brasil, ou seja, cruzar o Atlântico montado num pássaro de metal. Havia de tornar esse sonho realidade na primavera de 1922, assinalando de maneira inesquecível o centenário da Independência do Brasil. Aos cinquenta anos, Gago Coutinho, em colaboração com Sacadura Cabral, inscrevia o seu nome, para sempre, na História de Portugal.  
Mas, como é próprio de gente inquieta, Gago Coutinho ainda estava muito longe de dar por terminado o seu contributo ao seu país. Indiferente aos títulos e comendas com que era agraciado pelas autoridades nacionais e brasileiras, continuou a bisbilhotar o imenso conhecimento por descobrir. Reformado da vida militar desde 1939, resolveu pagar a dívida de gratidão que tinha com a Marinha dedicando a sua longa velhice à História Náutica, publicando vasta obra nesta área, com o rigor e dedicação que sempre foram seu timbre.



Hoje, milhares de pessoas pisam ruas, praças, avenidas, em Portugal e no Brasil, com o nome do Almirante que navegou o céu até ao limite do sonho. Gago Coutinho foi e é um exemplo que devia inspirar muito mais as gerações atuais de jovens e não jovens a nunca desistirem dos sonhos, ainda que eles possam parecer miragens.
Um dia depois de fazer noventa anos, Gago Coutinho partiu para sempre e apenas dois anos mais tarde Portugal e Brasil passaram a estar unidos por uma carreira aérea regular. Os sonhos foram feitos para se tornarem reais!

Gabriel Vilas Boas
   

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