Se
há palácio que conheço razoavelmente é o Palácio Nacional da Ajuda. Lá já vi importantes
exposições, além de o ter visitado apenas com o intuito de conhecer a sua
arquitetura e história.
Situado
num sítio magnífico, com o Tejo em fundo, o Palácio da Ajuda começou por ser
concebido para ser uma espécie de Versalhes da corte portuguesa, mas
rapidamente a monarquia portuguesa percebeu que luxos tão grandiosos não estavam
ao alcance de bolsas tão pobres.
Edificado
entre os séculos XVIII e XIX, o Palácio Nacional da Ajuda serviu, durante
dezenas de anos, como residência oficial da monarquia portuguesa. Em 1826, o palácio foi usado pela primeira vez como habitação real, quando nele se
instalou a infanta D. Maria, mas apenas em 1861 ganhou o estatuto de residência
oficial.
Trata-se
duma arquitetura do tipo civil residencial, de estilo neoclássico, com planta
quadrada, organizando em torno dum pátio quadrangular quatro alas, cuja volumetria
paralelepipédica é coberta por telhados
a duas águas, articulados nos ângulos.
A
fachada Este, que depois viria a tornar-se a fachada principal, apresenta uma
organização em três corpos, totalmente em pedra de lioz. No nível térreo do
corpo central abrem-se três arcos, de acesso ao grande vestíbulo, onde se
rasgam grandes nichos preenchidos com estátuas figurando Virtudes. Sobre estes
três arcos há a varanda nobre, para onde abrem três janelões retangulares inscritos
em arcos de volta inteira e ladeados por colunas.
Este
corpo central é rematado por um frontão com armas reais. Os corpos laterais
apresentam três ordens de oito janelas e os torreões de planta quadrada surgem
com quatro ordens de três janelas, sendo encimados por doze troféus.
O
alçado sul organiza-se em três pisos, em cada um dos quais se rasgam dezanove
janelas. Uma série de nichos vazios abre-se na base da fachada, o que compensa
o desnível do terreno.
No
interior, entre as inúmeras salas do Palácio, há a destacar a Sala dos
Archeiros (com pinturas nas sobreportas e troféus nos ângulos); a Sala do Porteiro
da Cana; a Sala de Espera ou da Audiência (com uma representação do regresso de
D. João VI do Brasil), a Sala de D. Sebastião ou dos Cães; a Sala do Despacho
ou do Beija-mão (nos muros observam-se seis tapeçarias de Aubussun e no teto
uma alegoria da Felicidade Pública de Wolkmar Machado); a Sala da Música; a
Salinha de Saxe e a Sala de Mármore ou Jardim de inverno.
No
segundo andar, registe-se a Sala Oriental (dotada de mobiliário japonês e
chinês); a Sala de D. Fernando (decorado ao estilo holandês e alemão), a Sala
Império (decorada com três tapeçarias de Aubussun); a Sala dos Gobelins (com
tapeçarias cuja temática são os costumes turcos); a Sala do Trono (com um pé
direito muito alto, apresenta uma composição temática alegórica no teto, da
autoria de Máximo dos Reis); a Sala dos Embaixadores (de planta elíptica e
totalmente revestida de placagem de mármore); A Sala de Jantar (com trabalhos
em talha de Leandro Braga); A Sala do Corpo Diplomático, a Sala de D. João VI e
a Sala da Aclamação ou da Tocha.
Para
quem gostar de experimentar todo o tipo de estilos decorativos e mais algum tem
no Palácio da Ajuda um manancial único. Para quem gosta de ver um Palácio com
identidade própria, fruto dum arquitetura de época ou dum estilo de decoração
uniforme, o Palácio da Ajuda exagera claramente na oferta ao visitante.
De
qualquer modo, o Palácio Nacional da Ajuda é um dos palácio-referência em
Portugal e qualquer um de nós não pode deixar de experimentar todas as
sensações que ele proporciona.
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