Etiquetas

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

"AMARRAR O BURRO"

Hoje não escreverei sobre Teatro. Decidi dedicar o post deste dia às palavras e à sua “face oculta”, secreta e íntima, ou seja, a sua etimologia.
Começarei pela letra A e resolvi escolher a palavra AMUAR.
É certo que quem tem por norma amuar face a uma contrariedade não vai gostar muito de ler este texto ou então pensará melhor antes de voltar a amuar…


A palavra aparece pela primeira vez no século XVI e tem origem na raiz mu(l)-  do latim  mulus: “mulo” e “mula”, ou seja o animal resultante do cruzamento de um burro com uma égua ou de um cavalo com uma burra.
O amuo (comportamento de quem amua) é a reação, não raramente excessiva, daquele que procura expressar o seu descontentamento, ofensa ou melindre, através de silêncios prolongados e ataques de mau humor. Presume-se que quem assim procede age como um mulo ou uma mula.

Quer em Portugal quer no Brasil, estes dois substantivos são usados com valor pejorativo: “mulo” é sinónimo de homem viril, com muitas mulheres mas sem filhos; “mula” significa espertalhão, dissimulado.
Não é menos frequente falar-se em “amuo de namorados” com o sentido de “arrufos” ou “desentendimentos passageiros”; ou em “amarrar/prender o burro”, isto é, ficar aborrecido.
Por outro lado, o verbo “amuar” significa teimar com insistência e pode ainda fazer referência ao comportamento dos animais que, em virtude de maus tratos ou cansaço, deixam de reagir, apesar de todos os esforços para que se movam. É talvez devido a esta atitude que se utiliza a expressão “ser teimoso como uma mula”, para aludir à obstinação de alguém por uma determinada ideia, do qual ninguém o consegue demover.


Acho que daqui em diante haverá menos gente a amuar, a não ser que seja teimoso que nem uma mula e resolva amarrar o burrinho em prole do direito ao amuo!

Sem comentários:

Enviar um comentário