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terça-feira, 26 de maio de 2015

OS DIAS DA SEMANA


Só no século II d.C. os Romanos começaram a dividir o tempo em semanas de sete dias. Para designar os diferentes dias da semana escolheram planetas e astros divinizados, que facilmente se identificam em algumas línguas.

Alguns exemplos:

LATIM
ESPANHOL
ITALIANO
FRANCÊS
INGLÊS
Dies Solis
Dia do Sol)
Domingo
Domenica
Dimanche
Sunday
Dies Lunae
(Dia da Lua)
Lunes
Lunedi
Lundi
Monday
Dies Martis
(Dia de Marte)
Martes
Martedi
Mardi
Tuesday
Dies Mercurii
(Dia de Mercúrio)
Miércoles
Mercoledi
Mercredi
Wednesday
Dies Jovis
(Dia de Júpiter)
Jueves
Giovedi
Jeudi
Thursday
Dies Veneris
(Dia e Vénus)
Viernes
Venerdi
Vendredi
Friday
Dies Saturni
(Dia de Saturno)
Sábado
Sabato
Samedi
Saturday


Com se pode verificar pela análise atenta da tabela, para os termos ingleses foram usados deuses equivalentes aos romanos: Tiu, deus germânico, correspondente a Marte; Woden, deus anglo-saxão correspondente a Mercúrico; Thor, deus germânico correspondente a Júpiter e Freia, deusa germânica correspondente a Vénus.
No século III d.C., a Igreja Católica, através do imperador Constantino, santificou os dias da semana, atribuindo-lhe a designação de “feria” – dia de festa. A semana passou, então, a ser constituída por prima feria; secunda feria; tertia feria; quarta feria; quinta feria, sexta feriae septima feria.

O plural feriae correspondia aos dias de festas, ou seja, de férias, consagrados ao descanso. É daqui que deriva o termo “férias”. Além disso, era nos dias de festa que os comerciantes aproveitavam para fazer negócio e saíam à rua para vender os seus produtos. Daí o termo religioso “feria”, sob influência comercial, ter originado o termo “feira”.


Entre os judeus, o sétimo dia era considerado de descanso, por isso tinha o nome de xabbath, derivado do verbo “xabath” que significa “descansar” e que correspondia ao latim “sabbatum” – sábado, dia de repouso.

A designação hebraica tem influência divina, manifestada através de um dos dez mandamentos: “Recorda-te do dia de sábado, para o santificar. Trabalharás durante seis dias e levarás a cabo todas as tuas tarefas. Mas o sétimo dia é de descanso, consagrado ao Senhor, teu deus. Nesse dia não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem os teus animais, nem o estrangeiro que estiver dentro das tuas portas. Porque em seus dias, o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que nele contém, e descansou no sétimo; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e santificou-o.” (Êxodo, 20, 8-11). Posto isto, a “septima feria” foi substituída pelo sabbatum – sábado, por ser dedicado à oração pelos primeiros cristãos.

Quanto ao primeiro dia da semana, prima feria, também foi alterado para dies domenicusdia do Senhor, domingo, em alusão ao Dia da Ressurreição e de Pentecostes.

Parece que, já desde os tempos apostólicos, o dia do descanso deixou de ser o sábado e passou a ser o domingo. Neste dia, os cristãos não podem trabalhar e devem assistir à missa, mas nem todos cumprem este preceito. Para a nossa língua, sábado e domingo entram no século XIII, ao passo que os restantes dias da semana sé chegam no século seguinte.  

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

"AMARRAR O BURRO"

Hoje não escreverei sobre Teatro. Decidi dedicar o post deste dia às palavras e à sua “face oculta”, secreta e íntima, ou seja, a sua etimologia.
Começarei pela letra A e resolvi escolher a palavra AMUAR.
É certo que quem tem por norma amuar face a uma contrariedade não vai gostar muito de ler este texto ou então pensará melhor antes de voltar a amuar…


A palavra aparece pela primeira vez no século XVI e tem origem na raiz mu(l)-  do latim  mulus: “mulo” e “mula”, ou seja o animal resultante do cruzamento de um burro com uma égua ou de um cavalo com uma burra.
O amuo (comportamento de quem amua) é a reação, não raramente excessiva, daquele que procura expressar o seu descontentamento, ofensa ou melindre, através de silêncios prolongados e ataques de mau humor. Presume-se que quem assim procede age como um mulo ou uma mula.

Quer em Portugal quer no Brasil, estes dois substantivos são usados com valor pejorativo: “mulo” é sinónimo de homem viril, com muitas mulheres mas sem filhos; “mula” significa espertalhão, dissimulado.
Não é menos frequente falar-se em “amuo de namorados” com o sentido de “arrufos” ou “desentendimentos passageiros”; ou em “amarrar/prender o burro”, isto é, ficar aborrecido.
Por outro lado, o verbo “amuar” significa teimar com insistência e pode ainda fazer referência ao comportamento dos animais que, em virtude de maus tratos ou cansaço, deixam de reagir, apesar de todos os esforços para que se movam. É talvez devido a esta atitude que se utiliza a expressão “ser teimoso como uma mula”, para aludir à obstinação de alguém por uma determinada ideia, do qual ninguém o consegue demover.


Acho que daqui em diante haverá menos gente a amuar, a não ser que seja teimoso que nem uma mula e resolva amarrar o burrinho em prole do direito ao amuo!