O Palácio e Convento
de Mafra começou por ter uma utilização eclesiástica e residencial, mas hoje as
suas funções são essencialmente turísticas, culturais, além de albergar a Escola
Prática de Infantaria.
Edificado entre 1712
e 1750, o Convento de Mafra é, essencialmente, barroco-joanino, com influência
de modelos italianos.
O monumento de Mafra
constitui-se como um exemplo de articulação harmoniosa de três componentes
funcionais distintas - residência real, área conventual e zona assistencial –
que raramente se encontram, mas cuja principal referência é o Complexo do
Escorial.
O majestoso convento
de Mafra foi mandado construir por esse príncipe das artes chamado D. João V,
em pagamento duma promessa pelo nascimento do herdeiro ao trono.
O conjunto traduz-se
num edifício único, ocupando uma área de quase 38000 metros quadrados, onde
podemos encontrar uma biblioteca notável, uma basílica imponente, claustros e
vestíbulos da igreja, com esculturas italianas.
A fachada principal é
limitada por dois soberbos torreões e tem incríveis 220 metros de comprimento.
Ao todo, o edifício tem 880 salas e quartos, 300 celas, 4500 portas e janelas,
154 escadarias, 29 parques. Ligada ao convento, há uma grande tapada de caça,
com jardins, fontes e belas espécies arbóreas.
Em 1717 lançou-se a
primeira pedra do Convento de Santo António dos Capuchinhos Arrábidos, na vila
de Mafra, complexo que incorporava basílica, palácio e biblioteca, jardim e
tapada de caça. O mais pobre ramo franciscano, que ali instalara doze monges,
recebia dinheiro e suprimentos para trezentos frades, num exagero só comparável
com o que se passava no Escorial e que D. João V queria superar.
O edifício foi
projetado pelo arquiteto germano-italiano Frederico Ludovice e a construção
ocorreu em pouco tempo, tendo em conta a dimensão monumental da obra. A
igreja ficou pronta em 1730 e o palácio em 1750. Alguns dados da obra atestam bem a envergadura da construção feita no século XVIII: fachada de 220 metros,
torreões laterais (o do rei e o da rainha), escadaria cenográfica, cúpulas e
torres de derivação romana, vestíbulo com doze estátuas gigantescas de santos
encomendados em Roma e interior em nave única. Tudo feito nos melhores mármores
e materiais mais ricos.
Expressão do ideal
absolutista de D. João V, acabaria transformado em quartel. Hoje procura-se dar
um destino condigno a este monumento gigantesco, completamente fora de escala quando comparado com outros monumentos nacionais.
É de assinalar que a
construção do Convento de Mafra inspirou José Saramago a escrever a sua
obra-prima, Memorial do Convento, onde as peripécias da construção são
registadas pormenorizadamente pelo nobel da Literatura, e onde nada falta.
A propósito da
construção do Convento, é de referir que em 1729 (um ano antes da inauguração
da igreja) trabalhavam no estaleiro 47.836 operários, um número tão monumental
quanto a grandiosidade da obra.
No ano em que a
igreja foi inaugurada (1730), executaram-se, em Antuérpia, na Bélgica, os
carrilhões da basílica (57 sinos para cada uma das torres), por Nicolau Lepache
e Guilherme Withlockx.
Em 1744, foram
considerados concluídos os trabalhos do complexo arquitetónico de Mafra, ainda
que muitos pormenores tenham ficado por executar. Nessa altura, o Convento de
Mafra era habitado por 342 religiosos: 203 sacerdotes, 45 coristas, 10 noviços,
60 leigos e 24 donatos.
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