A 25 de fevereiro de
1956, Nikita Kruschev fez um discurso histórico, no XX.º Congresso do Partido
Comunista da União Soviética. Aproveitando o facto de já terem passado três
anos após a morte de Estaline, o novo secretário-geral do PCUS resolveu ajustar
a História à verdade e, perante os seus camaradas comunistas, denunciou o culto
da personalidade que se fez durante os longos anos em Estaline esteve no poder,
pormenorizou os abusos que Joseph Estaline cometeu, em especial nas purgas de
1937/1938.
Durante quatro longas
horas, à porta fechada (o discurso não foi divulgado oficialmente nem saiu no “Pravda”),
Kruschev dissertou sobre muitos aspetos da ascensão e do exercício do poder por
parte de Estaline. Kruschev identificou mesmo Lavrenti Beria, o chefe da
polícia secreta, como o autor de muitos abusos, especificando-os. Na ocasião
chegou a chamar “inimigo raivoso do nosso partido” a Beria.
Uma grande parte da assistência
ficou em estado de choque ao perceber o que realmente tinha acontecido a alguns
dos antigos membros do partido e constou-se que alguns delegados presentes na
sala sofreram ataques cardíacos e outros suicidaram-se.
Finalmente ficava
evidente para os principais membros do Partido Comunista da União Soviética a
grande mentira em que se tinha tornado o estado soviético e como o ideário
comunista de Marx e Lenine tinha sido tão vilipendiado.
Como já referi o
discurso não foi divulgado oficialmente, mas rapidamente chegou ao Ocidente,
onde foi analisado com admiração e incredulidade. Não por se duvidar das
palavras de Kruschev, mas por elas serem reais e virem do líder máximo do
principal inimigo.
O discurso de Kruschev é
considerado uma rutura decisiva do PCUS com a megalomania e os abusos do
estalinismo, ao mesmo tempo que tenta reabilitar o leninismo e os valores da
Revolução Russa.
Pelo seu significado,
resolvi deixar-vos um pequeno excerto desse discurso Nikita Kruschev
“Estaline criou o conceito do inimigo público. Este termo evitou
automaticamente que se provassem erros ideológicos de um ou mais indivíduos
envolvidos numa controvérsia; este termo permitiu que se usasse a repressão mais
cruel, violando todas as normas de legalidade revolucionária, contra quem
discordasse de Estaline, contra aqueles suspeitos apenas de intenções hostis,
contra os que gozavam de má reputação….
Essencialmente
e de facto, a única prova de culpa, contra todas as normas da atual ciência
jurídica, era a «confissão» do próprio acusado; e, como provaram os
interrogatórios posteriores, as confissões eram obtidas mediante pressões
físicas sobre os acusados.
Isto
conduzia às violações gritantes da legalidade revolucionária, e a que muitas
pessoas, completamente inocentes, que no passado haviam defendido a linha do
partido, se tornassem vítimas.”
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