Numa recente entrevista ao Diário de Notícias, a psicóloga
clínica e sexóloga Vera Ribeiro afirma que a banalização do sexo entre os jovens
e adolescentes determina que as relações amorosas sejam mais pobres de amor e
afeto.
Para Vera Ribeiro, esta «desumanização» do sexo acaba por
estar relacionada com a Violência do Namoro, um tema muito trabalhado nas escolas
portuguesas, junto dos adolescentes.
Esta entrevista trouxe-me à memória uma medida que o
Ministério da Educação teve de tomar, há seis anos, na sequência da grave crise
económica que o país atravessava e que ainda não reverteu: a extinção da oferta
formativa da disciplina da Educação Para os Afetos e Sexualidade. Recordo a
maneira sábia como a minha colega Maria Adelaide Teixeira conduzia essas aulas
e como elas eram fundamentais para o crescimento afetivo e emocional dos
adolescentes da escola onde ainda leciono. Tanta violência no namoro precavida,
algumas gravidezes indesejadas evitadas e, sobretudo, uma maior consciência do
ato sexual como ato de afeto e amor.
O sexo pelo sexo acaba por destruir o amor ainda antes de
ele brotar, desacreditando-o no coração de quem ainda dá os primeiros passos no
labirinto do Amor.
Há quinze anos, numa das suas mais bonitas e célebres
canções, Rita Lee cantava “Sexo vem dos outros / E vai embora / Amor vem de nós
/ e demora”.
Sim, é preciso tempo, paciência e alguma sorte para
acertarmos na fórmula certa da molécula que funde o amor com o sexo. Não
trabalhar a afetividade, o lado emocional, a expressão do amor além do sexo, é
percorrer uma estrada de prazer efémero até à meta da infelicidade.
gavb