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segunda-feira, 2 de abril de 2018

UM ADOLESCENTE NÃO PODE VOTAR, MAS PODERÁ MUDAR DE GÉNERO E DE NOME


Percebo perfeitamente que seja violento sentir-se rapaz no corpo de uma rapariga e rapariga no corpo de um rapaz; ou que o nome que nos deram nos cause constrangimentos vários, mas percebo mal uma lei que permitirá uma alteração tão profunda na identidade, decidida com tanta ligeireza que até aos adolescentes deixa perplexos.
Daqui a poucas semanas, será possível a um adolescente de 16 anos mudar de sexo, porque… sim!
Quantos casos já não experienciámos de adolescentes de 14,15,16 anos em perfeita crise de identidade, detestando o corpo ou sofrendo com um nome infeliz? Muitos. A maior parte deles mudou de opinião uns meses mais tarde. Agora já não precisarão.


«Então o jovem quer mudar de sexo? Está no seu pleno direito! Assine aqui o pedido; traga-me a declaração dos seus pais e daqui a umas semanas venha buscar o novo Cartão do Cidadão.»

Sem perguntas, sem explicações, sem relatórios médicos nem psicológicos.
Dir-me-ão que sempre precisa da declaração dos pais. É verdade, mas o poder dos pais sobre um filho adolescente, aos 16 anos, é já relativo, em muitos casos. Isto para não falar dos casos em que a família base já se encontra desfeita e a relação de poder filho(a)/ mãe (pai) caminha para a inversão. Por outro lado, se o pai ou a mãe se negar a assinar a declaração de consentimento ainda pode ser acusado(a) de estar a infligir ao filho (a) um sofrimento desnecessário e cruel, pois dali a uns meses já ele poderá tomar a decisão sozinho.

Olho esta futura lei com ceticismo e desagrado, pois pressinto alguma leviandade nos seus pressupostos. Se a sexualidade de um jovem pode ser a causa de muito sofrimento psicológico e social isso tanto se sente aos catorze, como aos dezasseis, como aos dezoito anos. Não vejo necessidade de antecipar decisões tão cruciais, mas vejo necessidade de fundamentação médica e psicológica. Mudar de sexo não é um apetite momentâneo e o Estado não deve abrir portas a comportamentos dúbios.
Espero que a lei, a votar nos próximos dias, ainda tenha as correções necessárias para poder ser uma lei coerente e consistente.
P.S. A lei recomenda que na escola o adolescentes/jovens sejam tratados, pelo género com que se identificam. Ora a lei não «recomenda», a lei ordena, impõe. Se não quer constranger jovens de 12, 13 ou 14 anos, então altere-se a lei para uma idade menor. Quando uma lei «recomenda» começa a perder autoridade de lei.

GAVB

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