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segunda-feira, 16 de abril de 2018

A ÉTICA FINLANDESA



A Educação finlandesa é dada, muitas vezes, em Portugal, como o modelo a seguir. Ali tudo parece funcionar às mil maravilhas, desde o financiamento público, ao trabalho colaborativo entre professores, passando pela inexistência da pressão dos exames e terminando na mentalidade de toda a comunidade, que reconhece o valor fundamental da Escola. Nos últimos dias, ficámos a saber que também devemos imitar os seus elevados padrões éticos.

Há longos anos que Portugal e Finlândia têm um acordo fiscal que visa garantir que quem trabalha no outro país não paga duas vezes impostos. Assim um finlandês que trabalhe e resida em Portugal paga impostos em Portugal e a recíproca acontece com os portugueses a viver na Finlândia.

Tudo corria normalmente quando o governo finlandês ficou a saber que o governo português, para atrair reformados ricos a Portugal, resolveu isentar da tributação fiscal os reformados que se quisessem radicar no nosso país. Na prática, isto fez com que muitos reformados finlandeses viessem residir para Portugal e deixassem de pagar os impostos que pagariam no seu país natal.
O governo finlandês lavar as mãos como Pilatos e fazer de conta que nem reparou, até porque era Portugal quem perdia receita fiscal. No entanto, fez o contrário: exigiu ao nosso governo que cobrasse os devidos impostos aos reformados finlandeses que escolheram o sol português e as especialíssimas leis de Mário Centeno para gozar a reforma, pois não pode conceber dualidade de tratamento fiscal entre finlandeses reformados. 

Se na Finlândia pagam impostos, aqui também têm de pagar, para que haja justiça entre eles. O governo português ainda esboçou um protesto, mas os finlandeses mantiveram-se firmes no seu propósito e ameaçaram quebrar o antigo acordo que une os dois países.
Contrafeito, Mário Centeno lá acabou por concordar com as pretensões finlandeses, embora ainda falte a sua demorada assinatura para terminar este pequeno imbróglio diplomático.

É triste que seja um governo estrangeiro a dar-nos lições de ética, bom senso, equidade e justiça. Portugal e o seu governo deviam aprender com estes exemplos, porque o respeito internacional conquistam-se fazendo, muitas vezes, o caminho das pedras e não com habilidades legais e fiscais que tanto nos diminuem.
GAVB


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