A Educação finlandesa é dada, muitas vezes, em Portugal,
como o modelo a seguir. Ali tudo parece funcionar às mil maravilhas, desde o financiamento
público, ao trabalho colaborativo entre professores, passando pela inexistência da pressão
dos exames e terminando na mentalidade de toda a comunidade, que reconhece o valor fundamental da Escola. Nos últimos dias, ficámos a saber que
também devemos imitar os seus elevados padrões éticos.
Há longos anos que Portugal e Finlândia têm um acordo fiscal
que visa garantir que quem trabalha no outro país não paga duas vezes impostos.
Assim um finlandês que trabalhe e resida em Portugal paga impostos em Portugal
e a recíproca acontece com os portugueses a viver na Finlândia.
Tudo corria normalmente quando o governo finlandês ficou a
saber que o governo português, para atrair reformados ricos a Portugal, resolveu isentar
da tributação fiscal os reformados que se quisessem radicar no nosso país.
Na prática, isto fez com que muitos reformados finlandeses viessem residir para
Portugal e deixassem de pagar os impostos que pagariam no seu país natal.
O governo finlandês lavar as mãos como Pilatos e fazer de
conta que nem reparou, até porque era Portugal quem perdia receita fiscal. No
entanto, fez o contrário: exigiu ao nosso governo que cobrasse os devidos
impostos aos reformados finlandeses que escolheram o sol português e as
especialíssimas leis de Mário Centeno para gozar a reforma, pois não pode conceber dualidade de tratamento fiscal entre finlandeses reformados.
Se na
Finlândia pagam impostos, aqui também têm de pagar, para que haja justiça entre
eles. O governo português ainda esboçou um protesto, mas os finlandeses
mantiveram-se firmes no seu propósito e ameaçaram quebrar o antigo acordo que
une os dois países.
Contrafeito, Mário Centeno lá acabou por concordar com as
pretensões finlandeses, embora ainda falte a sua demorada assinatura para
terminar este pequeno imbróglio diplomático.
É triste que seja um governo estrangeiro a dar-nos lições de
ética, bom senso, equidade e justiça. Portugal e o seu governo deviam aprender
com estes exemplos, porque o respeito internacional conquistam-se fazendo,
muitas vezes, o caminho das pedras e não com habilidades legais e fiscais que
tanto nos diminuem.
GAVB
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