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domingo, 8 de abril de 2018

MARIA ANTONIETA - A RAINHA QUE CELEBRIZOU A GUILHOTINA


O outono de 1793 tinha poucas semanas e na praça de Liberdade (hoje Praça da Concórdia, em Paris), as tricoteuses aguardavam, àvidas, a chegada da mais odiada rainha que os franceses tiveram. Maria Antonieta era já um espectro fantasmagórico da rainha esplendorosa que reinara nos últimos anos monárquicos em França. Diante do povo ululante e sequioso de sangue estava uma velha de trinta e oito anos, rendida à evidência
de uma condenação à morte, através da guilhotina.

Dois meses antes, «o julgamento» deixara claro que a outrora senhora de Versalhes era apenas uma “sanguessuga dos franceses”, a “dilapidadora dos dinheiros da nação” e a “instigadora de discórdias e orgias”.

Morreria como o marido, num espetáculo público que tanto fez lembrar os Autos de Fé da Inquisição. Não deixa de ser perturbador verificar como tantos seres humanos se deliciam com o espetáculo macabro da execução de outro ser humano. Quanto mais cruel e desumano mais público parece atrair. Não é algo racional, político ou fruto de uma época. Aconteceu no século XVI como no XVIII ou no século XX, incentivado pela Igreja como pelo povo ou pelo Estado.

O julgamento e a morte de Maria Antonieta é um daqueles momentos que fizeram a História, na medida em que marca o princípio do fim da monarquia, enquanto poder absoluto e efetivo, no velho continente, e concomitantemente o início da República. No entanto, para mim, o grande significado deste momento histórico está no facto de também aqueles que clamavam pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade se mostrarem tão animalescos como um qualquer déspota insensível ou um ditador carniceiro.

Maria Antonieta e Luís XVI expiaram muito mais do que os seus pecados e tornaram célebre uma máquina de morte e tortura, que sempre vi como um dos inventos mais infelizes do ser humano.
A bela austríaca, alienada da realidade, insensível à fome do povo, acabou sem luxos nem fausto, impossibilitada de se despedir do marido (guilhotinado em 20 de janeiro de 1793) e dos filhos, porque a revolução da Liberdade, Igualdade e Fraternidade achou mais importante a vingança que a humanidade.
GAVB

1 comentário:

  1. Apesar de ser um instrumento macabro, era na época um método mais rápido e indolor do que por exemplo o enforcamento ou o uso de um machado.

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