É possível que o alerta dos
inspetores dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) seja um pequeno
exagero, mas os mais recentes dados demonstram que Portugal é um país na rota
dos traficantes dos seres humanos, como o demonstra o facto de, recentemente, se
ter desmantelado uma estrutura bem organizada que durante quatro anos concebeu
e executou um plano de exploração laboral e sexual de romenos e búlgaros.
É verdade que as estatísticas provam que o número de vítimas de tráfico humano desceu de 2016 para 2017,
mas isso ficou a dever-se ao elevado número de recusas de visto de entrada, em
território português, de gente suspeita.
O alerta dos inspetores dos SEF
parece corroborar o relatório do Conselho da Europa, publicado no início do
mês, que identificava Portugal como um dos países onde o tráfico de seres
humanos está a aumentar.
Um dos fatores que em muito
contribui para a disseminação deste cancro é a permissiva lei da nacionalidade
portuguesa, que escancarou as portas da nacionalidade lusitana a muita gente, sem
olhar aos perigos que tal medida podia ter. Os SEF sempre se mostraram muito
críticos da iniciativa governamental, mas a lei avançou ainda que com algumas
alterações.
A condenação que agora se conhece
pode funcionar como elemento dissuasor, até pelas penas obtidas – seis a
dezasseis anos de prisão – mas é preciso que o poder político acompanhe a
preocupação dos operacionais e não faça leis inseguras que colocam Portugal
outra vez famoso pelos piores motivos.
O tráfico de seres humanos é um
dos piores pecados, por omissão, da europa ocidental. É uma indignidade
absoluta que atinge milhares de pessoas e suja a consciência de milhões que
apenas "lamenta", em vez de forçar os seus dirigentes a criar leis severas para
quem organiza ou facilita estas sinistras redes de tráfico de seres humanos.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário