Retirando o prazer irónico que dá ver os alemães a votar em
Mário Centeno para líder do Eurogrupo, não vejo nenhum grande ganho para Portugal,
com esta possível partilha dos serviços do nosso Ministro das Finanças.
Antes de mais, temos de acertar uma premissa: Mário Centeno
fez ou não fez bem o seu trabalho? Ou fez apenas um trabalho mediano?
Partindo do princípio que Centeno fez um trabalho entre o
razoável e o bom (só assim se entende que muitos países o queiram para liderar
o Eurogrupo), então Portugal devia agradecer o convite, mas recusá-lo.
Quero lá saber o que pensa Centeno, se está embevecido ou
não. O compromisso dele foi com Portugal e a sua deserção traz poucos ou nenhuns
benefícios para o nosso país. Além do mais, quem garante que o atual ministro
das finanças vai continuar empenhado numa política que procura o melhor de dois
mundos: ir devolvendo rendimentos enquanto faz consolidação orçamental e afirma
a solução governativa portuguesa no contexto europeu.
No Eurogrupo, como muito bem salienta Jerónimo de Sousa,
Centeno não vai mudar nada, pois não pode definir estratégia orçamental da
União Europeia. Centeno, na liderança do Eurogrupo, até pode ser negativo para Portugal, pois
encolhe-nos nas reivindicações que podíamos fazer.
O Eurogrupo é um órgão informal. A sua presidência encherá o
ego de Centeno, mas provavelmente esvaziará a concentração do ministro nos
problemas portugueses, que serão ainda mais desafiantes nos próximos dois anos.
Costa quer capitalizar em prestígio europeu, especialmente
depois da desconfiança que o seu governo mereceu no princípio da legislatura?
Tem melhor solução: agradece, rejeita e faz um final de legislatura melhor do
que fez até agora.
Todos lhe vão bater palmas e até é possível que daqui a
poucos anos Centeno consiga ainda um posto de maior relevância.
GAVB
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