Antes de mais, a constatação do fenómeno tem dois meses e meio, com se pode ler numa reportagem do «Público» de 8 de Outubro (https://www.publico.pt/2017/10/08/sociedade/reportagem/turismo-afecta-semabrigo-1787575), mas o maior equívoco está a montante: que queremos para os sem-abrigo? Não é acabar com o fenómeno? Não é reintegrá-los paulatinamente na sociedade? O meu objetivo, enquanto cidadão, é contribuir para a erradicação do fenómeno e não perpetuá-lo, como se ele fizesse parte da paisagem ou fosse um conveniente ícone de Natal, onde facilmente nós podemos exercitar a nossa solidariedade expiatória.
Preparar-lhes uma cama, uma refeição, um abrigo é uma obrigação moral de todos enquanto sociedade, mas não é algo de que nos devemos orgulhar, porque a sua existência nos acusa. Obviamente que o Natal nos inspira e o apelo da solidariedade encontra eco no nosso coração, mas temos de priorizar o respeito pela dignidade do indivíduo. E isso obriga-nos à discrição no Natal e à ação no resto do ano.
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