Num artigo escrito por Samuel Silva, no jornal «Público»,
alerta-se para o receio que existe entre pais, alunos e professores sobre o
impacto negativo que a flexibilidade curricular terá nos exames nacionais.
Muitos Diretores ouvidos pelo repórter aconselham a cautela na implementação da
flexibilidade curricular no ensino secundário.
Quando o projeto chegou ao conhecimento público, escrevi
neste blogue que, na minha opinião, ela visava, por um lado, assegurar que mais
gente transitaria de ano, e por outro, garantir mais poder aos diretores.
Também pensava que o seu calcanhar de Aquiles estava no facto de ser
inconveniente para os alunos que lutavam pelas melhores notas, pois reduzir tempo
aos professores para os preparar para os exames de maneira consistente. Não foi
por acaso que a reforma só se aplicou aos alunos do 5.º, 7.º e 10.º anos. Havia
dois anos para estudar a melhor maneira de contornar essa perda de aulas. Agora
que o projeto está em marcha, os pais dos alunos com ambições aos cursos
superiores mais disputados já perceberam para onde corre o rio e por isso estão
preocupados, porque quem faz os exames quer lá saber das matérias que ficarão
por dar com a flexibilidade curricular. O programa continua a ser o mesmo.
Flexibilizar para aligeirar até serve a uma grande parte dos alunos, mas
assusta aqueles para quem todas as aulas contam.
Alguns diretores ainda acreditam que terão de ser os exames
a adaptar-se à cultura de flexibilidade curricular e há pais que pensam que é “preciso
repensar o acesso ao ensino superior”. Acho que esta gente é demasiado lírica.
O ministro que não consegue resolver eficazmente o problema dos concursos de
professores e que não fala claro sobre os planos da municipalização da educação
vai agora dar uma resposta satisfatória ao desfasamento entre exigência dos
exames nacionais e a política de flexibilidade curricular? Não creio!
Quando a
bolha rebentar a sério – Outono de 2019 – estaremos em campanha eleitoral e
Tiago Brandão Rodrigues não será o ministro que terá de resolver a questão. O
mais certo é Costa ou outro qualquer primeiro-ministro autorizar que as turmas
que então iniciem o 12.º ano possam ter a flexibilidade de voltar ao regime
antigo, ou seja, sem flexibilização.
GAVB
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