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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O TRAUMA E O DRAMA DO CHUMBO NO 2.º ANO


Mais um relatório sobre Educação foi divulgado. Entre os vários dados revelados, um chamou-me à atenção: no 2.º ano, 9% dos alunos ficam retidos. 
É uma percentagem altíssima, sobretudo se tivermos em conta que só no 9.º ano os alunos chumbam tanto e apenas o 7.º ano de escolaridade (12,6%) supera este número.

O que levará tantos professores a reter os seus alunos no 2.º ano? Muitos dirão, porque não o podem fazer logo no 1.º ano (o que não deixa de ser verdade), mas a resposta mais certa talvez seja – "não estavam preparados para frequentar o primeiro ciclo".


Há uma série de competências (sociais, linguísticas,…) que algumas crianças não apresentam e que são absolutamente necessárias para que o professor do 1.º ciclo inicie o seu trabalho. 
Nesse sentido é fundamental que o trabalho feito no pré-escolar seja feito com muito profissionalismo e sabedoria. O problema é que o Estado português apenas garante a todos os alunos o último ano do pré-escolar, ou seja, quando chegam às mãos do professor do 1.º ciclo, uns têm três anos de pré-escolar, outros dois e outros apenas um. Para piorar a situação, há ainda que acrescentar o meio socioeconómico que envolve determinados alunos e o nulo acompanhamento familiar.

Quando estes alunos chegam às mãos do professor, este pouco pode fazer para reverter tantas situações negativas, num só ano. Como estão “proibidos” de chumbar os meninos no 1.º ano, o problema passa para o segundo ano, onde muitos alunos ficam retidos.


No meu entender, ajudaria bastante a minimizar o problema atuar em dois planos: juntos dos pais e encarregados de educação e reforçar os meios humanos qualificados no ensino pré-escolar.


As direções das escolas reclamam autonomia, mas vejo poucas a apresentarem como proposta maioria investimento humano no pré-escolar. Cada agrupamento sabe perfeitamente quais são os alunos que potencialmente precisam mais de um ensino pré-escolar de qualidade para entrarem bem no 1.º ciclo. É aí que devem começar por investir, com bons educadores. 

Um bom Projeto Educativo começa por garantir que todos os entrarão no 1.º ciclo, potencialmente, em igualdade de circunstâncias. Esse investimento produzirá frutos em todos os ciclos de ensino.
Por outro lado, é preciso atuar junto dos pais. Em conjunto com as associações de pais, é necessário sensibilizar determinados pais para a necessidade de desdobrar o 1.º ano de escolaridade em dois, se a educação pré-escolar foi insuficiente e/ou se o estádio de desenvolvimento do aluno assim o justificar. Querer forçar a transição para o segundo ano, não resolve nenhum problema, mas é capaz de acrescentar outros e agravar os existentes.
Competência, coragem, determinação e informação clara junto dos pais. Um bom Diretor não é aquele que se eterniza, que constata problemas ou se lamenta com frequência, mas antes aquele que ataca os problemas pela raiz, ouvindo os educadores e professores que todos os dias lidam com os alunos.

GAVB

2 comentários:

  1. tenho uma ideia completamente diferente sobre o primeiro ciclo onde não há espaço para o insucesso. Seria bom conhecerem os bons exemplos do Norte d
    a Europa

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    1. Conheces o primeiro ciclo? Não há ciclo onde haja mais inclusão ..

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