Mais um relatório sobre Educação foi divulgado. Entre os
vários dados revelados, um chamou-me à atenção: no 2.º ano, 9% dos alunos ficam
retidos.
É uma percentagem altíssima, sobretudo se tivermos em conta que
só no 9.º ano os alunos chumbam tanto e apenas o 7.º ano de escolaridade (12,6%)
supera este número.
O que levará tantos professores a reter os seus alunos no
2.º ano? Muitos dirão, porque não o podem fazer logo no 1.º ano (o que não deixa
de ser verdade), mas a resposta mais certa talvez seja – "não estavam preparados
para frequentar o primeiro ciclo".
Há uma série de competências (sociais, linguísticas,…) que
algumas crianças não apresentam e que são absolutamente necessárias para que o
professor do 1.º ciclo inicie o seu trabalho.
Nesse sentido é fundamental que o
trabalho feito no pré-escolar seja feito com muito profissionalismo e sabedoria.
O problema é que o Estado português apenas garante a todos os alunos o último
ano do pré-escolar, ou seja, quando chegam às mãos do professor do 1.º ciclo,
uns têm três anos de pré-escolar, outros dois e outros apenas um. Para piorar a
situação, há ainda que acrescentar o meio socioeconómico que envolve
determinados alunos e o nulo acompanhamento familiar.
Quando estes alunos chegam às mãos do professor, este pouco
pode fazer para reverter tantas situações negativas, num só ano. Como estão “proibidos”
de chumbar os meninos no 1.º ano, o problema passa para o segundo ano, onde
muitos alunos ficam retidos.
No meu entender, ajudaria bastante a minimizar o problema
atuar em dois planos: juntos dos pais e encarregados de educação e reforçar os meios
humanos qualificados no ensino pré-escolar.
As direções das escolas reclamam autonomia, mas vejo poucas
a apresentarem como proposta maioria investimento humano no pré-escolar. Cada
agrupamento sabe perfeitamente quais são os alunos que potencialmente precisam
mais de um ensino pré-escolar de qualidade para entrarem bem no 1.º ciclo. É aí
que devem começar por investir, com bons educadores.
Um bom Projeto Educativo
começa por garantir que todos os entrarão no 1.º ciclo, potencialmente, em igualdade de
circunstâncias. Esse investimento produzirá frutos em todos os
ciclos de ensino.
Por outro lado, é preciso atuar junto dos pais. Em conjunto
com as associações de pais, é necessário sensibilizar determinados pais para a
necessidade de desdobrar o 1.º ano de escolaridade em dois, se a educação
pré-escolar foi insuficiente e/ou se o estádio de desenvolvimento do aluno assim o justificar. Querer forçar a transição para o segundo ano, não resolve nenhum
problema, mas é capaz de acrescentar outros e agravar os existentes.
Competência, coragem, determinação e informação clara junto
dos pais. Um bom Diretor não é aquele que se eterniza, que constata problemas
ou se lamenta com frequência, mas antes aquele que ataca os problemas pela
raiz, ouvindo os educadores e professores que todos os dias lidam com os
alunos.
GAVB
tenho uma ideia completamente diferente sobre o primeiro ciclo onde não há espaço para o insucesso. Seria bom conhecerem os bons exemplos do Norte d
ResponderEliminara Europa
Conheces o primeiro ciclo? Não há ciclo onde haja mais inclusão ..
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