“Nunca imaginei que em pleno século XXI tivesse de ir para a rua manifestar-me em defesa de um estabelecimento de ensino para o meu bisneto”
“Lamento que se tenha chegado a um ponto de tanta exposição pública da própria criança para haver uma solução.”, o pai.
Parece uma história de Natal ao contrário, de tão surreal e negativa que é. Em Coimbra, um rapaz de 13 anos esteve todo o 1.º período escolar (três meses) sem aulas, porque as burocracia que regem a Educação em Portugal, mais propriamente a DGEstE (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) inviabilizou a transferência de um aluno vítima de bullying, por parte dos colegas, para um estabelecimento de ensino profissional. Razão invocada: o aluno tinha 13 anos e não 15, como é regulamentar.
Entretanto foram três meses em casa, sem aulas, sentindo-se ainda mais excluindo, provavelmente agregando um sentimento de culpa que não tinha, cultivando o medo, perdendo o contacto com a aprendizagem. Quando voltar à escola terão passado seis meses desde que esteve na companhia de colegas, dentro de uma sala de aulas, a ouvir um professor.
O que é mais revoltante é que a situação era tão delicada como fácil de resolver. Um aluno vítima de bullying só queria mudar de escola e encontrou uma que o queria acolher e na qual se sentia bem – uma escola profissional, onde frequentar um curso de pastelaria – mas o bullying da DGEstE, o deixa andar da Direção da Escola onde estava matriculado obrigou os pais a recorrer ao único poder que ainda faz alguma coisa pelos cidadãos – o poder mediático.
Só quando o assunto aparece nas redes sociais, nos jornais ou nas televisões é que a gente dita responsável ganha amor pela sua máscara de hipocrisia e faz o óbvio. Não é vergonha na cara nem compaixão que moves esta gente tão incompetente e desumana que gere a educação em Portugal, mas apenas a sua imagem mediática.
Desta vez não há vestidos raríssimos nem prestações de carros ou viagens ao Brasil para mostrar, em forma de escândalo, mas o caso é igualmente chocante.
Não preciso do nome destes agressores burocráticos nem que os demitam (embora eles merecessem), mas é muito triste que precisemos do facebook, do Correio da Manhã e de expor publicamente um rapaz de treze anos vítima de bullying, para que um adolescente possa voltar a ir sossegadamente às aulas.
GAVB
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