Quando não tem a atenção mediática ou está em dificuldades
políticas, Trump faz aquilo que aprendeu no mundo dos media: “cria” um facto político.
O problema é que ele não cria faits-divers, como é normal em qualquer político,
mas verdadeiros problemas, para ele, para os seus e, sobretudo, para os outros.
Acossado pelas promessas que não cumpre, pelo escândalo das
denúncias de assédio sexual a atingir a nata da representação americana (na verdade, todos pensam quando chegará a sua vez), pelas
evidências de interferência russa na campanha eleitoral que levou à sua eleição
e pelos mísseis do «irmão» coreano, Trump lançou a sua «bojarda» mediática: transferiu
a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, indicando de maneira clara
que a cidade santa é a capital israelita.
Ora, na verdade, Jerusalém é a capital de três
religiões (Cristianismo, Islamismo e Judaísmo) e ponto de confluência (e
conflito também) de várias civilizações e povos. A comunidade internacional
tinha chegado a um consenso sobre a cidade onde nasceu Jesus e até os israelitas
respeitavam isso.
No entanto, Trump está-se nas tintas para a História, para a paz mundial
assim como não respeita a posição que os EUA tomaram no passado. Para Trump não
há Palestina nem palestinianos. Ele não quer saber das repercussões da sua
leviana decisão, porque a única coisa que lhe interessa é desviar a atenção dos
media americanos sobre os problemas de credibilidade interna que atravessa.
O presidente dos EUA é tão egocêntrico como perigoso. É
preciso lidar com ele com cuidado extremo, como tem feito grande parte dos
países europeus, como a França ou a Alemanha. Não lhe dar palco, ignorar as
suas provocações e comentários, deixar que tropece nas suas próprias
incoerências é o melhor a fazer com a figura.
Estou certo que os israelitas são inteligentes o suficiente
para rejeitar este presente envenenado, porque a pax romana em que vivem é bem mais importante que a bomba-relógio
que o americano lhes acaba de oferecer como presente de Natal.
GAVB
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