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domingo, 10 de dezembro de 2017

SER O MELHOR DESTINO TURÍSTICO DO MUNDO É COOL, MAS O PREÇO É HOT


A conjugação de vários fatores transformou Portugal num destino turístico de eleição. Hoje uma imensa maioria de cidadãos europeus, americanos, asiáticos conhecem Lisboa, Porto, Sintra,  Coimbra, Braga, Óbidos, Évora, Guimarães, o Douro e o Alentejo.
Por outro lado, os lisboetas e os portuenses aprendem a partilhar a suas cidades com os cidadãos de várias nacionalidades. Eles vieram para ficar e a economia das maiores cidades portugueses estará cada mais subordinada a eles.

É bom perceber o que isso significa, porque nem tudo são boas notícias. É verdade que trazem euros e dólares, que criam emprego permanente, que nos abrem o espírito e alegram o quotidiano, mas também é verdade que a cidade passa a ser um pouco deles. Os locais mais emblemáticos e belos do Porto e Lisboa serão preferencialmente ocupados por turistas, os preços da restauração, dos hotéis e das casas tenderão a subir acima da inflação, as leis do ruído nocturno bem como as autorizações de funcionamento de espaços de divertimento nocturno terão em conta os seus interesses.

Na rua, o português apenas será mais uma língua e teremos de nos habituar a falar o inglês regularmente.
No entanto, a transformação mais profunda será a mental: viveremos para servir o turista. Quando vamos a Veneza, Florença, Milão, Barcelona ou Paris esperamos que a cidade se aperalte para nos receber, que haja espetáculos a toda a hora, que os locais a visitar tenham atrações e estejam sempre limpos, que nos sirvam em primeiro lugar e connosco tenham deferência especial. 

Ser um destino turístico de eleição é viver em função do turista e relegar para segundo plano as preocupações domésticas. Em certas alturas terão até de ser escondidas ou disfarçadas, para não perturbar o negócio nem a imagem externa da cidade.
Ser um destino turístico exceional é ter de abdicar dos melhores lugares, dos melhores momentos que a sua cidade proporciona, porque o mais certo é estar de bandeja na mão ou ao volante de um tuk-tuk a mostrar pela enésima vez as belezas naturais e monumentais das principais cidades portuguesas… em inglês, francês ou chinês.

Ser destino turístico de eleição não é mau, bem pelo contrário, mas está muito longe de ser apenas aquele paraíso na terra que vemos nas revistas das agências de turismo. Isso é para quem faz turismo, não para quem vive do turismo.

GAVB

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