D. Duarte Pio, o representante do ideário monárquico na República portuguesa, deu uma entrevista ao Diário de Notícias, onde afirma que “para muitos espanhóis não faz sentido a independência de Portugal”.
Se, quase quatro século
depois, ainda não perceberam, o mais certo é que não percebam nunca. O problema
dos castelhanos (não dos espanhóis) não é bem não compreenderem, mas antes
aceitarem.
Há nove séculos houve
um povo que aspirou à independência e concretizou esse desejo num território,
numa língua, numa identidade. Felizmente para os castelhanos, o movimento dos reinos
peninsulares foi no sentido contrário. No entanto, esse movimento de junção não
pressupunha a supremacia de um povo sobre outro, como veio a acontecer.
Como nunca assimilaram
bem essa ideia de igualdade inter pares, os espanhóis vêem-se agora a braços
com os desejos independentistas dos catalães como no passado já tinha
acontecido com os bascos. Isso sucede porque o Estado central castrou a
individualidade de cada região e abusou da riqueza de algumas delas de maneira
indecente.
Cansadas de só contribuírem,
de terem uma autonomia insignificante, de não verem os seus problemas
resolvidos, certas regiões ricas da Europa querem separar-se. Acontece com a
Catalunha em Espanha, mas também com Veneto e a Lombardia em Itália, com a
Córsega em França, com a Flandres na Bélgica, com a Escócia no Reino Unido ou Voivodina
na Sérvia. Não é já uma questão espanhola, mas sim europeia.
Os ricos querem
separar-se, porque os Estados centrais não lhes resolvem os problemas e a
solidariedade entre povos parece mais uma ideia romântica do século XX do que
uma efetiva vontade das sociedades do século XXI, como se viu na crise dos
migrantes sírios durante 2016.
O grande problema do
separatismo na Europa é que todos podemos adivinhar como começa, mas ninguém
pode afiançar como se desenvolve e muito menos como termina. E aberta a caixa
de Pandora, depois será impossível fechá-la.
Por outro lado, o
gorduroso sistema burocrático da União Europeia, instalado em Bruxelas, não quer
esta onda separatista, porque em poucos anos estaria a administrar ossos, pois a carne já se teria posto
ao fresco.
Os independentistas europeus
ainda estão mal organizados e são claramente minoritários, visto que não
conseguem convencer os seus apaniguados que a separação só trará flores e
nenhum espinho encravado.
No entanto, se os
Estados centralistas continuarem preguiçosos, injustos, incompetentes e
desrespeitosos, em breve, caminharemos para mais e profundas autonomias de
várias regiões europeias. E uma autonomia regional, de uma zona rica e populosa, na Europa, é capaz de quebrar a espinha a um país desordenado e desigual.
Infelizmente, na Europa
não são apenas os espanhóis que não compreendem.
GAVB
devolvam mas é Olivença, e fiquem á com a catalunha!!!!
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