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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

WONDER – A BELEZA DE APRENDER A OLHAR O OUTRO


Olhar, não apenas ver. Olhar como quem vai além do rosto e invade a alma do outro, para o sentir, para o conhecer, para o entender.
Afinal de contas quantos rostos cruzam o nosso olhar e apenas os vemos com aquela venda quotidiana que nos mantém cegos para tudo o que é importante? 
Sim, é a velha lição do Principezinho -  “o essencial é invisível aos olhos”. E que outra coisa podemos nós buscar além do essencial?
«Wonder» é um filme de Natal, mas será um desperdício de tempo se o virmos apenas como tal. 
Auggie, o rapaz de 10 anos, que vai pela primeira vez à escola, após vinte e sete cirurgias que o puseram a respirar, mas não com um rosto agradável e normal, tem de ser mais do que uma história que nos põe a chorar e eleva os nossos níveis de bondade e compreensão. É preciso observar além da circunstância, do defeito, da peninha, do caso concreto.

O drama deste rapaz com deformações no rosto – síndrome de Treacher Collins – leva-me mais longe que a sensibilidade momentânea e específica perante o drama humano em questão. 
Acho essencial que aprendamos o olhar aqueles com quem nos cruzamos além do superficial. 
Estar atento ao ser humano que reside naquele corpo, ao que ele nos quer comunicar, e aos desafios que silenciosamente os seus olhos nos lançam é algo que fazemos pouco. Há imenso gente que cruza o nosso dia apressado, a quem podíamos ter dedicados uns míseros segundos de atenção, mas não quisemos saber.
Querer saber – apenas isso – é tão importante! Por vezes, decisivo. 

«Wonder» também é um filme que acusa esta insensibilidade coletiva, essa imaturidade que armazena orgulhosamente, mas desconhece a beleza dos embrulhos, porque simplesmente nunca os desembrulha. 
Todos os dias, à nossa frente, aparecem uma ou duas almas ávidas, que esperam desfaçamos o laço ou o nó de um olhar triste ou inquieto.

GAVB

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