Etiquetas

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A DESCENTRALIZAÇÃO EDUCATIVA É POLÍTICA E SERÁ MAL FEITA


Os Presidentes de Câmara querem a descentralização educativa para gerir as escolas como quem gere a autarquia; os Diretores das escolas querem a autonomia das escolas para reforçarem poderes antes que a autarquia entre pelo seu quintal dentro; os professores só queriam que lhes contassem o tempo de serviço que prestaram nos últimos dez anos; os alunos querem uma Escola que lhes abra perspetivas de futuro; os pais gostariam de lhes tomassem conta dos filhos até às seis da tarde.

Claro que ficará por fazer aquilo que é mais fácil, óbvio e justo executar: os professores continuarão a ver navios e descerão mais uns degraus na relevância que (já não) têm no sistema.

A ideia política do Partido Socialista sempre foi a municipalização. Entregar as escolas às autarquias, professores incluídos. Nunca o afirmou claramente porque sempre soube que os professores eram (e são) contra, porque não sabia muito bem como fazê-lo sem se perceber que a grande intenção era política, isto é, satisfazer o apetite político dos vários agentes educativos locais ligados ao partido.
O governo de Costa não avançará «radicalmente» para a Municipalização porque não é nada certo que o PCP e o Bloco acompanhem a ideia, mas tentará ir fazendo «a coisa» sorrateiramente, de tal modo que a medida seja dada como irreversível e inevitável, quando estiver madura. 

Entretanto, os Diretores lutam arduamente pela manutenção do seu poder, através da reivindicação da autonomia. E não me admiraria nada que muitos Diretores se lembrassem que no
século passado também foram professores e os convoquem para defender a autonomia, dizendo que a municipalização é um ataque político à escola pública e que tal diminuiria a importância dos professores na governação de cada escola. É verdade que isso aconteceria, mas as primeiras vítimas dessa secundarização seriam os Diretores de escola.

Enquanto os grandes se batem nos gabinetes pelo futuro controlo do poder nas escolas públicas portuguesas, o pessoal que mete a mão na massa todos os dias, há décadas, nem sabe se faz greve ou não faz greve, a que greve vai ou deixa de ir, que formas de luta deve adotar para além da greve, se a greve de Mário Nogueira e da Fenprof do próximo dia 15 de Novembro falhar o objetivo.
Por falar em lutas sindicais, não seria expectável que Mário Nogueira conseguisse bem mais com a geringonça de que com o governo de Passos e Portas? Seria, seria…

GAVB

Sem comentários:

Enviar um comentário