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terça-feira, 28 de novembro de 2017

FINLÂNDIA: ENSINAR E APRENDER, COM PRAZER, NÃO É NADA DO OUTRO MUNDO


O ano passado, o polémico realizador e excelente documentarista americano resolveu viajar até à Finlândia para perceber por que razão aquele país se tornou no melhor sistema educativo do mundo. 
Saiu de lá siderado, porque viu gente feliz, culta, de bem com a vida e preparada para ela. Percebeu que não fazem nada de especial, para serem tão bons. Apenas aplicam MESMO aquilo que foram ideias aceites por quase todas as sociedades ocidentais como as melhores para os seus sistemas educativos, mas que por preguiça, oportunismo ou mania nunca puseram verdadeiramente em prática.

Do documentário retiro algumas ideias fortes, que me parecem tão simples, tão práticas, tão fáceis de implementar, mas de que estamos longe de integrar consistentemente.
Eles não discutem ridículos pormenores, eles aplicam o essencial e… pronto.

- Não têm trabalhos de casa (se excecionalmente existirem não ocupam mais que 15 minutos), porque as crianças têm de ter tempo para serem crianças, para aproveitar a vida, para estar com os amigos e com a família, para brincar, para ler, para jogar ou tocar;

- O horário semanal não ocupa mais de 20 horas, pois o cérebro precisa de intervalos de relaxamento, a fim de absorver convenientemente a informação, articulá-la e finalmente aplica-la;
- Não fazem testes de escolha múltipla, porque acham que para se dar uma resposta certa têm mesmo de saber (e não apenas reconhecê-la ou jogar com a sorte);
- Rejeitam os testes padronizados (uma espécie de exames nacionais ou provas de final de ciclo), porque a maioria deles não ensinam a pensar, mas antes criam seres autómatos e não pessoas livres, críticas, responsáveis;

- Os finlandeses acham (e bem) que o teste padronizado exclui muito saber. Põe de lado de lado a educação cívica, a poesia, a música, a arte, o desporto. Ora, eles pensam que o domínio destas áreas tornarão os seus jovens mais felizes. Afinal, é esse o objetivo final, certo? Ou será ensinar como conseguir um "potinho de moedas" de ouro o mais rapidamente possível? 

- As crianças precisam de experimentar. Ser cozinheiros, poetas, pintores, costureiras, jornalistas… Experimentar, porque essa é a realidade que vão encontrar quando forem adultos;
- Os alunos finlandeses são autónomos e alguns já vão para a escola sozinhos aos 7/8 anos (curiosamente, nós, há quarenta anos também íamos);

- Os alunos finlandeses falam três ou mais línguas estrangeiras: inglês, sueco, francês, alemão, espanhol...
- Quando é necessário fazer a reabilitação de um recreio ou parque de lazer, os arquitetos chegam à escola e vão falar com os alunos e a opinião deles é tida em conta;

- Não sentem necessidade da competição entre escolas, nem acreditam muito na ideia de que a competição entre alunos seja a solução. Por isso, não precisam de rankings, nem de saber qual é a melhor escola. Talvez por isso seja ilegal cobrar propinas numa escola finlandesa e a maioria seja pública. Lá, os pais ricos fazem questão que os seus filhos cresçam e aprendam junto com aqueles que provêm de famílias mais humildes.
        
É fácil perceber que a Finlândia é um país onde ser Professor é uma honra, um privilégio e um prazer. Lá, o professor ensina a pensar, a ser crítico, a respeitar-se e a respeitar o outro.
Ser feliz não é apenas uma ideia bonita, poética e (in)útil.

GAVB


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