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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

INFARMED NO PORTO: O PRIMEIRO PASSO PARA A DESCENTRALIZAÇÃO?


Poucas horas depois do Porto ter perdido a Agência Europeia do Medicamento para Amesterdão (a candidatura do Porto ficou em sétimo lugar), o governo anunciou a transferência da sede do Infarmed, de Lisboa para o Porto, a partir de 1 de Janeiro de 2018.
Espero que não tenha sido uma espécie de prémio do consolação para a cidade nortenha, mas uma medida pensada, seguindo uma linha de descentralização que o país precisa.

O momento escolhido para o anúncio da decisão faz pensar mais numa medida emocional do que estrutural, infelizmente. E sendo assim, não valerá o sacrifício que muitos técnicos do Infarmed terão de fazer para manter os seus empregos, pois a sua vida estava organizada em Lisboa.

No entanto, não deixei de notar a estupefação com que os media receberam a notícia. “Como era possível o Infarmed ir para o Porto? E então a vida das pessoas, toda ela organizada nos arredores da capital? Que crueldade!” 
Tão cruel como tem sido para todas as pessoas do Porto, gente de enorme gabarito nas suas áreas profissionais e que servem o Estado português, que há décadas têm de mudar a sua vida para Lisboa, para poder continuar a trabalhar, abdicando da família ou desorganizando-a por completo. Gente que ano após anos fez incontáveis viagens de 300 km, enquanto outros lhes batiam umas hipócritas palmadas nas costas, lamentando a sua sorte, mas nunca pensando verdadeiramente passar pelo mesmo.
Talvez tenha chegado a hora de perceber o que significa 300 km todas as semanas; ficar longe dos seus, dias e dias seguidos.

A descentralização é uma forma de igualdade e justiça que precisamos de incrementar. Haverá sempre alguns danos colaterais, mas serão sempre muito menores que aqueles que a centralização do Estado provocou durante séculos.
Aguardo pela efetivação desta medida, pois um ano é muito tempo para se poder exercer pressões, para que ela não se realize. 

Entretanto espero que a minha intuição esteja errada e outros institutos e organismos do Estado descentralizem. Não para penalizar os lisboetas que neles trabalham, mas para que as outras cidades possam ter um real potencial de crescimento sustentado, feito através das nossas decisões organizativas. E talvez alguém descubra que se chega tão rápido de Lisboa ao Porto como do Porto a Lisboa, porque muitas vezes dá a sensação que Lisboa fica já ali enquanto Porto, Coimbra, Braga, Faro ou Viseu são de difícil acesso.
GAVB


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